domingo, 17 de fevereiro de 2019

Cultura Digital por Flavio Trauer


- Cultura Digital:
Muitos são os órgãos governamentais e privados que ousam conceituar “cultura digital”, cada um tentando trazer o conceito para a sua área de conhecimento, mas sem muito efeito prático, ou seja, sem conseguirem efetivamente (ao meu ver), responder à pergunta “O Que É Cultura Digital?”. Talvez muito por simplesmente não necessitar de explicação alguma, uma vez que a cultura sempre será a cultura independentemente do meio que utilizar para ser propagada, difundida ou mostrada. Para elucidar um pouco mais, basta que façamos um rápido exercício de pensamento e conceituação. Antes de da Cultura Digital o que tínhamos? Somente cultura? Ou esta cultura que conhecíamos anteriormente era uma cultura diferente da cultura denominada de Cultura Digital? A partir destas reflexões os conceitos de Cultura Digital, Cybercultura ou Cibercultura, nos levam a compreender que Cultura Digital é a Cultura de sempre, tão complexa e de tantos significados como sempre a caracterizaram, adicionada do termo Digital para enfatizar a época em que estamos tratando esta CULTURA e também para ressaltar que toda a produção cultural pode ser digital ou digitalizada de alguma forma.


- Inteligência Coletiva: 
Partindo do pressuposto que ninguém sabe tudo e todos sabem alguma coisa, este reconhecimento e enriquecimento mútuo das pessoas nos leva a esta inteligência compartilhada que surge de muito indivíduos em suas diversidades.

- Cultura Participativa: 
O surgimento e a adesão popular da Internet tem colaborado cada vez mais para que a sociedade contemporânea saia da condição de receptora passiva e passe a interagir entre si construindo esta cultura onde os papéis de produtores e consumidores de informações se alterem.

- Convergência de Meios: 
A convergência de Meios é uma transformação cultural e ocorre dos cérebros de consumidores individuais e suas interações sociais com os outros produzindo um fluxo de conteúdos através de múltiplas plataformas de mídia, a cooperação de múltiplos mercados midiáticos e o comportamento migratório dos meios de comunicação que vão a quase qualquer parte e3m busca das experiências de entretenimento que desejam.

 PELA INTERNET - Gilberto Gil
 

Pela Internet
X
Pela Internet 2



Criar meu web site

Criei meu website
Fazer minha home-page

Lancei minha homepage
Com quantos gigabytes

Com 5 gigabytes
Se faz uma jangada

Já dava pra fazer
Um barco que veleje

Um barco que veleje



Criar meu web site

Meu novo website
Fazer minha home-page

Minha nova fanpage
Com quantos gigabytes

Agora é terabyte
Se faz uma jangada

Que não acaba mais
Um barco que veleje

Por mais que se deseje



Que veleje nesse informar

Se o desejo agora é navegar
Que aproveite a vazante da infomaré

Subindo o rio tejo tenho como achar
Que leve um oriki do meu velho orixá

Num site de viagem a melhor opção
Ao porto de um disquete de um micro em Taipé

Com preço camarada bem no meu padrão



Um barco que veleje nesse infomar

Se é música o desejo a se considerar
Que aproveite a vazante da infomaré

É só clicar que a loja digital já tem
Que leve meu e-mail até Calcutá

Anitta, arnaldo antunes, e não sei mais quem
Depois de um hot-link

Meu bem, o itunes tem
Num site de Helsinque


Para abastecer

De a a z quem você possa imaginar


Estou preso na rede
Eu quero entrar na rede

Que nem peixe pescado
Promover um debate

É zapzap, é like
Juntar via Internet

É instagram, é tudo muito bem bolado
Um grupo de tietes de Connecticut




O pensamento é nuvem
Eu quero entrar na rede

O movimento é drone
Promover um debate

O monge no convento
Juntar via Internet

Aguarda o advento de Deus pelo iphone
Um grupo de tietes de Connecticut




Cada dia nova invenção
De Connecticut de acessar

É tanto aplicativo que eu não sei mais não
O chefe da Mac Milícia de Milão

What’s app, what’s down, what’s new
Um hacker mafioso acaba de soltar

Mil pratos sugestivos num novo menu
Um vírus para atacar os programas no Japão




É facebook, é facetime, é google maps
Eu quero entrar na rede para contactar

Um zigue-zague diferente, um beco, um cep
Os lares do Nepal, os bares do Gabão

Que não consta na lista do velho correio
Que o chefe da polícia carioca avisa pelo celular

De qualquer lugar
Que lá na praça Onze

Waze é um nome feio, mas é o melhor meio
Tem um videopôquer para se jogar

De você chegar

Em 1996 Gilberto Gil criou a música Pela Internet onde ele expressava a sua vontade em participar do movimento que se iniciava naquela época no Brasil que era a exploração, utilização e inclusão da Internet no cotidiano das pessoas.
20 anos depois Gilberto Gil lança uma nova versão da música intitulada Pela Internet 2 onde o autor atualiza a sua relação com o movimento que ele viu iniciar 20 anos antes, agora mostrando uma atuação muito mais participativa onde reflete a condição da sociedade mostrando-se integrada aos aplicativos disponibilizados pela mídia que viu crescer – a Internet.

- Cibercultura e Inteligência Coletiva
Cibercultura
O conceito de cibercultura é trabalhado de forma diferente por cada autor. Por exemplo, para Pierre Lévy, esse conceito trata da reunião de relações sociais, das produções artísticas, intelectuais e éticas dos seres humanos. Além disso, a cibercultura se articula por meio de redes interconectadas de computadores, ou seja, no ciberespaço. Pode ser pensado como um fluxo contínuo de ideias, práticas, representações, textos e ações, que ocorrem entre interconectadas. É importante pensar que a cibercultura não é um marco zero na cultura da humanidade, mas, ao contrário, ela é a cultura em um sentido bastante amplo, que acontece no ciberespaço. Vale ressaltar que o que separa a cultura da cibercultura é a sua estrutura técnico-operacional e ela se refere a um conjunto de práticas exercidas por pessoas conectadas a uma rede computacional. Para além, a cibercultura é basicamente transposição das culturas humanas para um espaço conectado. Por se tratar de um espaço em expansão, mais pessoas e grupos conectados podem trocar informações, saberes e conhecimentos. Ademais, a cibercultura cria condições para que novos saberes possam ser desenvolvidos como: aplicativos, sites, programas etc.

Inteligência Coletiva
inteligência coletiva é um termo que diz respeito a um princípio no qual as inteligências individuais são somadas e compartilhadas por toda a sociedade, sendo potencializadas a partir do surgimento de novas tecnologias de comunicação como a Internet, por exemplo. Para o filósofo, ela possibilita o compartilhamento da memória, da imaginação e da percepção, o que resulta na aprendizagem coletiva, troca de conhecimentos. As informações são cruzadas e então selecionadas por cada pessoa numa espécie de ecossistema de ideias.

- Cibercultura e Inteligência Coletiva na Perspectiva de Pierre Lévy e este post: 

A cibercultura e a inteligência coletiva como são apresentadas nos remetem a pensarmos um pouco mais sobre a história e o desenvolvimento da humanidade.
De um lado temos todo o acervo cultural que foi produzido durante todo o entendimento de existência da terra que os humanos produziram individualmente e depois coletivamente, pois essencialmente o ser humano é social, ou seja, necessita compartilhar as suas experiências com seus pares, repetir e adaptar as suas experiências para fatos novos, relatar seus resultados prosseguindo neste ciclo produzindo cultura e criando uma inteligência coletiva.
Por outro lado, temos a forma como a cultura e a inteligência coletiva são propagados, divulgados, difundidos. Se no começo isto era feito por imitação, passando por demonstrações faladas, depois registradas em materiais impressos, filmes e músicas, hoje em dia temos todas as formas de divulgação reunidas num único espaço onde através da digitalização deste acervo cultural e desta inteligência coletiva conseguimos encontrar tudo numa mídia só – a Internet.

Referências:
















Flavio Trauer.

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