sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Cultura Digital por Jaques Yury Alves Frik

Segundo o dicionário etimológico on-line, a palavra dígito, origina-se do latim "digitus" que significa dedo. Neste sentido, o título Cultura Digital, significaria, literalmente, Cultura dos "dedos" o que revela-se um tanto impróprio. Na aritmética, digital é o termo relativo a dígito ou algarismo, onde um algarismo é cada um dos caractéres com que se representam os números. Todas as coisas são números, disse Pitágoras. Os números governam o mundo, disse Platão. Ora, então, podemos dizer que a Cultura Digital é a cultura dos números, não é mesmo? Porém, onde estão estes números? A matemática subjacente raramente aparece, redundância à parte, nesta cultura digital e a maioria das pessoas que eu conheço não gostam de matemática, porém, amam a tecnologia e odeiam ter ou resolver problemas. Entretanto, a tecnologia é vista como uma solução para os problemas do homem, e o homem, este “ser digital”, aposta fortemente todas as suas “fichas”, por assim dizer, na sua aliada moderna para ajudá-lo a resolver suas tarefas cotidianas em sua vida pessoal, profissional, econômica e amorosa. Isto mesmo, amorosa também. Confiram, se assim desejarem, nos hiperlinks externos: (https://emais.estadao.com.br/noticias/comportamento,homem-gasta-r-66-mil-em-casamento-com-boneca-virtual-no-japao,70002608070), e (https://videos.band.uol.com.br/16569547/japones-se-casa-com-holograma-de-boneca.html) - onde um jovem japonês, cansado de relacionamentos frustrados, se apaixona e se casa (de aliança e tudo) com o holograma de uma boneca famosa, que custa cerca de US$ 2,800.00 -. Seria uma nova “Amélia” virtual este holograma da boneca famosa? Vale lembrar que o kit completo vem com o holograma, a boneca, alianças, cerimônia etc. Noutro dia destes, assisti a um filme onde um holograma interagia com o usuário para sanar suas obrigações conjugais. E, em outro filme, havia um holograma que era uma prostituta virtual que também interagia fisicamente com os usuários. Acho que foi em IA – Inteligência Artificial, se não me engano. Enfim, praticamente todos os aspectos da vida moderna já estão permeados de algum tipo de tecnologia. Já existem cidades, como Amsterdã, por exemplo, entre outras, onde todo o perímetro da cidade já possui uma (ou mais) redes Wi-Fi para possibilitar conexões à Internet durante vinte e quatro horas por dia. Em vista disto, deste uso excessivo, deste consumismo, de tecnologias variadas, houve uma alteração comportamental e social por parte da grande maioria dos usuários tecnológicos, por assim dizer. Usuários! Somos, agora, denominados genericamente, de usuários nesta nova cultura moderna digital. Com o advento das tecnologias de informação e comunicação ficou mais fácil difundirmos idéias e nos mostrarmos para o mundo. Uma das maiores contribuições, no entanto, é o aumento do poder de comunicação e de exposição de ideias. Ficou mais fácil e rápido construirmos conhecimentos e trabalharmos em conjunto conectados, on-line e em tempo real, através das interfaces (celulares, Smartfphones, Notebooks, computadores pessoais etc) com pessoas de todo o mundo. O mundo ficou mais sinérgico e comunicativo, poderíamos dizer. A Cultura Digital é democrática e possibilita a participação de todos os “conectados”. Mas não somente interagir e, sim, opinar na construção de conhecimentos. É um meio de ação onde existe o eu faço, eu crio, eu publico em oposição aos meios onde as informações chegam até nós. Não somos mais somente receptáculos de informação. Nós criamos a informação agora. Na primeira versão da música Pela Internet, de Gilberto Gil, nota-se claramente, as afirmações: criar meu Website, fazer minha Home Page e navegar pela Internet (no sentido de viajar). Na época afirmava-se isto mesmo sem saber a diferença entre estas coisas. Ambas ditas com o entusiasmo de um novato, como o de um aluno que fala a respeito de conceitos que acabou de conhecer. É natural isto, mediante fatos e conhecimentos novos. A letra é, em si, um primor, uma obra prima, seja pela escrita ou pela clareza ou melodia. E eu nem sou fã desta artista. Vale salientar, que nestes primórdios, podíamos construir um site estático, isto é, sem acesso a dados, apenas com o bloco de notas, codificando com a linguagem de marcação de hipertexto HTML básico e um paginador (navegador de Internet) qualquer, que era o Internet Explorer, um dos poucos existentes no mercado da época. Na segunda versão da música Pela Internet, nota-se, também claramente, o consumismo tecnológico evidente. Além das tecnologias e linguagens mencionadas na primeira versão da música, apareceram uma série de outras, tais como tecnologias para envio de mensagens, redes sociais e serviços de micro blogs etc. O navegar confortável da primeira versão da música se transformou em ficar preso na rede. Aliás, quantos sites existem hoje mesmo na rede internacional? Quem navega em tudo isto? A própria letrada música se mostra “cansada”, por assim dizer. Talvez pela idade avançada do artista ou, mais provavelmente, pelo cansaço de tanto navegar pela Internet. É um cansaço acarretado pelo consumismo tecnológico. Jaques Frick.

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