sábado, 23 de fevereiro de 2019

CULTURA DIGITAL POR ERICA TR



Cultura digital pode ser entendida como uma união entre a cultura (todo complexo de conhecimentos e toda habilidade humana empregada socialmente, bem como todo comportamento aprendido) e o mundo digital, ou seja, a produção cultural baseada nas novas mídias, o que atualmente é muito importante e benéfico para a divulgação e o acesso instantâneo a todo tipo de informação, possibilitando compartilhar experiências e participar da construção do conhecimento, interagir com pessoas de praticamente qualquer lugar do mundo, possibilitando ainda o entretenimento e a colaboração com a produção intelectual, gerando uma nova forma de comunicação e aprendizado.
O ser humano tem necessidade de se comunicar, pois é a partir da comunicação que ele se insere na sociedade, assim sendo, os novos meios de comunicação contribuíram alterando a forma de se relacionar, criando novas formas de sociabilidade. Desta forma, as pessoas nos grupos se socializam formando uma inteligência coletiva. Segundo Lévy (2007), Inteligência Coletiva é “uma inteligência distribuída por toda parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva das competências”.
A inteligência coletiva é produzida nas relações de colaboração, um exemplo é quando percebemos que existe a cooperação para solucionar problemas em grupo, também entendida como cultura participativa. A participação e a Inteligência Coletiva tem vínculo direto com a atual convergência das mídias, uma transformação tecnológica, mercadológica, cultural e social que faz com que os conteúdos de diferentes mídias estabeleçam conexões e circulem através de sistemas administrativos e limites territoriais distintos.
A música “Pela Internet” de Gilberto Gil (1996) não poderia ter sido escrita antes da década de 90, pois ela é construída em cima de termos da informática e da Internet, responsáveis por uma revolução comunicacional e cultural que ainda está em andamento. Ainda, se observadas às localidades citadas na música (Taipé, Calcutá, Helsinque, Milão, Japão, Nepal, Gabão, Praça Onze, Connecticut) num mapa mundi, poderíamos ter uma ideia de como o autor teve a intenção de demonstrar que a Internet está modificando o conceito geográfico de espaço (sem falar do tempo). Pois, atualmente sentados numa cadeira em nossa casa, é possível fazer tudo o que Gil propõe: estar em todos esses lugares simultaneamente, ter contato com sua produção cultural, falar com seus habitantes, informar-se sobre lugares e assuntos dos mais variados.
Há ainda uma citação do primeiro samba brasileiro “Pelo telefone”, composto por Donga em 1916. A letra original dizia: O chefe da polícia, pelo telefone, manda me avisar / Que na Carioca tem uma roleta para se jogar. Gil atualizou as referências tecnológicas: telefone virou celular, roleta virou videopôquer. É interessante como Gil mistura a tradição (oriki do orixá) com a inovação (disquete de um micro em Taipé). Com isso, mostra que a tecnologia pode estar a serviço da tradição, promovendo-a. Esta é uma constante nas obras de Gil: acolher a tecnologia como produto cultural, capaz de enriquecer as relações humanas. 
O computador e a Internet trouxeram diversas mudanças para o nosso dia-a-dia, influenciando diretamente a nossa cultura. Nesse sentido, a Cibercultura (cibernética + cultura) surge a partir da comunicação através do computador, a indústria do entretenimento e o comércio eletrônico e o estudo de vários fenômenos sociais associados à internet e outras formas de comunicação em rede como as comunidades on-line, jogos de multiusuários, jogos sociais, mídias sociais, realidade aumentada, mensagens de texto e inclui questões relacionadas à identidade, privacidade e formação em rede.
Contudo, fica evidente que de modo geral, temos a internet com extensão do conhecimento no processo de ensino-aprendizagem. Lévy defende que a inteligência coletiva não se limita apenas a exposição de conteúdos e ao retorno disso por meio de fórum ou chat, mas num sentido mais amplo, representa a capacidade de reconhecer o outro como um sujeito dotado de inteligência. A prática da ideia de inteligência coletiva pode levar a uma melhor comunicação entre os indivíduos, trazendo benefícios às diferentes áreas da vida humana. É uma forma de valorizar o outro e valorizar a si mesmo, para juntos promover o crescimento do todo.

Erica Tomazi Ribeiro

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