sábado, 16 de fevereiro de 2019


CULTURA DIGITAL POR THAIS FRANCO


  • Cultura digital
Entende-se como cultura digital os processos de transformação socioculturais que ocorrem a partir do advento de aparatos digitais em detrimento dos analógicos. Pode-se dizer que é quando vários setores da vida de uma pessoa passam a estar intimamente ligados a ferramentas tecnológicas interativas, intercomunicadoras e informativas, quando tal vinculo torna-se tão relevante que passa a fazer parte da rotina do ser humano em instancias diferentes da sua vida. A Cultura digital é quando se apontam novas formas de produção, circulação e recepção de produtos e bens culturais, transformação de linguagens e novas formas de propagar informação e conhecimento

  • Inteligência coletiva
     A inteligência coletiva é a somatória das inteligências individuais, que compartilhadas por toda a sociedade.
Desenvolvido por Pierre Lévy, o conceito de inteligência coletiva possibilita o partilhamento da memória, da percepção e da imaginação, resultando na aprendizagem coletiva e na troca de conhecimentos.
Inteligência coletiva é toda forma de pensar e compartilhar seus conhecimentos por meio de recursos mecânicos como a internet. 
A inteligência coletiva, portanto, é um princípio em que as inteligências individuais são somadas e compartilhadas por um grupo de pessoas ou pela sociedade como um todo. Trata-se de um conceito que foi potencializado e ganhou muita força a partir do desenvolvimento de novas tecnologias de comunicação

  • Cultura participativa
Expressão designada para representar a forma como a sociedade contemporânea desde o surgimento e adesão popular da Internet tem se distanciado cada vez mais da condição de receptora passiva. Produzir conhecimento e disseminar informações e ideias tornou-se uma realidade recorrente. Segundo Henry Jenkins, um dos mais importantes e influentes pesquisadores da mídia na atualidade, o público encara a “Internet como um veículo para ações coletivas - soluções de problemas, deliberação pública e criatividade alternativa”. A cultura participativa propiciada pelo caráter interativo da Internet é uma mudança no modo como as pessoas se relacionam com os meios de comunicação, o que faz com que os papéis de produtores e consumidores de informação se alterem.

  • Cultura da convergência de meios
Em Cultura da Convergência, Henry Jenkins, propõe um conceito para definir as transformações tecnológicas, mercadológicas, culturais e sociais percebidas no cenário contemporâneo dos meios de comunicação. O autor analisa o fluxo de conteúdo que perpassa múltiplos suportes e mercados midiáticos, considerando o comportamento migratório percebido no público, que oscila entre diversos canais em busca de novas experiências de entretenimento. Jenkins fundamenta seu argumento em um tripé composto por três conceitos básicos: convergência midiática, inteligência coletiva e cultura participativa.
Inteligência coletiva refere-se à nova forma de consumo, que tornou-se um processo conjunto e pode ser considerada uma nova fonte de poder. A expressão cultura participativa, por sua vez, serve para caracterizar o comportamento do consumidor midiático contemporâneo, cada vez mais distante da condição receptor passivo. São pessoas que interagem com um sistema complexo de regras, criado para ser dominado de forma coletiva. Por fim, a ideia de convergência proposta pelo autor não é pautada pelo determinismo tecnológico, mas fundamentada em uma perpectica culturalista. Neste sentido, ao longo das páginas, Jenkins vai articular três noções fundamentais de seu argmento: a convergência midiática como processo cultural e não tecnológico; o modelo da narrativa transmidiática como referencial da noção de convergência; o conceito de economia afetiva, que serve para pensar o comportamento de consumidores e produtores na contemporaneidade.

  • Pela Internet de Gilberto Gil
Após pesquisa, tomei conhecimento que “Pela Internet”, de Gilberto Gil, foi a primeira música no mundo a ser cantada ao vivo pela internet há exatos 21 anos. Como nos tempos de hoje tudo se atualiza, nada melhor do que uma atualização versão 2018 dessa música, como próprio cantor menciona em suas entrevistas, se mostrando uma pessoa muito antenada.
A canção original é uma apologia à internet, que na época conquistava cada vez pessoas e lugares pelo Brasil. A letra exalta o encurtamento das distâncias e o espaço democrático e horizontal que a rede promove. Ficava nítido que estávamos diante de uma composição que trata da velocidade das informações, dos acontecimentos, do advento da internet e do processo de globalização.
Mas, passados 21 anos, as coisas mudaram um pouco de “face” para Gil.
Já na segunda versão fica claro que a importância que o digital assumiu para a sociedade, tal como os aplicativos móveis e suas constantes atualizações são debatidos em “Pela Internet 2”, vai além disso, como destaca o próprio cantor e compositor Gilberto Gil (2018):
“Nessa nova letra, a dose apologética diminuiu e a crítica aumentou. É natural que assim seja, porque a internet virou um pandemônio, um estímulo a esse narcisismo individualista que se desdobra em política de ódio.
Ainda em seu depoimento, o cantor falou sobre os malefícios do mundo conectado em rede Gilberto Gil (2018):
“As imperfeições humanas se multiplicam nessa multiplicação de possibilidades, de contato, de acesso e de informação.                                                                                                                     
  •   Perspectiva de Pierre Lévy
O filósofo Pierre Lévy, francês radicado no Canadá, é um dos maiores expoentes no campo de estudos da mídiacibernética. Em toda sua trajetória intelectual esteve dedicado à compreensão dos fenômenos de comunicação e produção de informação e conhecimento. Mas foi no final da década de 1990 que se consolidou como um dos intelectuais mais respeitados no estudo da internet como um fenômeno cultural.
O termo [ciberespaço] específica não apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informação que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. Quanto ao neologismo ‘cibercultura’, especifica aqui o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço (LÉVY, 1999, p. 17).
            Neste sentido, estaríamos passando por um processo de universalização da cibercultura, na medida em que estamos dia-a-dia mais imersos nas novas relações de comunicação e produção de conhecimento que ela nos oferece.
O crescimento do ciberespaço é orientado por três princípios fundamentais: a interconexão, a criação de comunidades virtuais e a inteligência coletiva. A interconexão, mundial ou local, é um princípio básico do ciberespaço, na medida em que sua dinâmica é dialógica. As comunidades virtuais                                            
“são construídas sobre afinidades de interesses, de conhecimentos, sobre projetos, em um processo mútuo de cooperação e troca” (LÉVY, 1999, p.127).
Já a inteligência coletiva pode ser considerada a finalidade última do ciberespaço, pois ela descreve um tipo de inteligência compartilhada que surge da colaboração de muitos indivíduos em suas diversidades.
“É uma inteligência distribuída por toda parte, na qual todo o saber está na humanidade, já que, ninguém sabe tudo, porém todos sabem alguma coisa” (LÉVY, 2007, p. 212).
            Entretanto, aquilo que mais chama atenção na obra de Pierre Lévy são suas proposições acerca da nova relação que o Homem estabelece com o saber, agora que está imerso na cibercultura. O ciberespaço amplifica, exterioriza e modifica funções cognitivas humanas como o raciocínio, a memória e a imaginação.
O que é preciso aprender não pode mais ser planejado nem precisamente definido com antecedência.
[…] Devemos construir novos modelos do espaço dos conhecimentos. No lugar de representação em escalas lineares e paralelas, em pirâmides estruturadas em ‘níveis’, organizadas pela noção de pré-requisitos e convergindo para saberes ‘superiores’, a partir de agora devemos preferir a imagem em espaços de conhecimentos emergentes, abertos, contínuos, em fluxo, não lineares, se reorganizando de acordo com os objetivos ou os contextos, nos quais cada um ocupa posição singular e evolutiva (LÉVY, 1999, p. 158).
            Neste sentido, Lévy coloca em cheque a organização do sistema educacional e o papel do professor. Ambos devem levar em conta o crescimento do ciberespaço e o avanço da cibercultura. O professor deveria deixa o papel historicamente construído de centralizador do conhecimento para se tornar um incentivador da inteligência coletiva.
Essas reflexões Lévy podem ser questionadas, principalmente quando se considera a questão da exclusão digital. No entanto, ainda que a cibercultura não seja uma verdade universal, o caminho que a internet nos sugere é sem volta, portanto, precisa ser compreendido e sociologia tem muito a contribuir.
Dessa forma, estamos diante de um caminho sem volta, onde o trânsito da informação e da globalização através das tecnologias, cada vez mais velozes e avançadas, são partes integrante do cotidiano do indivíduo, construindo e trocando conhecimento/cultura o tempo todo. Nós como professores deveremos ter sabedoria e habilidade em utilizar todos esses mecanismos como aliados na educação.
THAIS DA SILVA FRANCO

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