CULTURA
DIGITAL POR THAIS FRANCO
- Cultura digital
Entende-se como cultura digital os processos
de transformação socioculturais que ocorrem a partir do advento de aparatos
digitais em detrimento dos analógicos. Pode-se dizer que é quando vários
setores da vida de uma pessoa passam a estar intimamente ligados a ferramentas
tecnológicas interativas, intercomunicadoras e informativas, quando tal vinculo
torna-se tão relevante que passa a fazer parte da rotina do ser humano em
instancias diferentes da sua vida. A Cultura digital é quando se apontam novas
formas de produção, circulação e recepção de produtos e bens culturais,
transformação de linguagens e novas formas de propagar informação e conhecimento
- Inteligência coletiva
A inteligência coletiva é a somatória das
inteligências individuais, que compartilhadas por toda a sociedade.
Desenvolvido por Pierre Lévy, o conceito de
inteligência coletiva possibilita o partilhamento da memória, da percepção e da
imaginação, resultando na aprendizagem coletiva e na troca de conhecimentos.
Inteligência coletiva é toda forma de pensar e
compartilhar seus conhecimentos por meio de recursos mecânicos como a internet.
A inteligência coletiva, portanto, é um princípio
em que as inteligências individuais são somadas e compartilhadas por um grupo
de pessoas ou pela sociedade como um todo. Trata-se de um conceito que foi
potencializado e ganhou muita força a partir do desenvolvimento de novas
tecnologias de comunicação
- Cultura participativa
Expressão designada para representar a forma como a
sociedade contemporânea desde o surgimento e adesão popular da Internet tem
se distanciado cada vez mais da condição de receptora passiva. Produzir
conhecimento e disseminar informações e ideias tornou-se uma realidade
recorrente. Segundo Henry Jenkins, um dos mais importantes e
influentes pesquisadores da mídia na atualidade, o público encara a “Internet
como um veículo para ações coletivas - soluções de problemas, deliberação
pública e criatividade alternativa”. A cultura participativa propiciada pelo caráter
interativo da Internet é uma mudança no modo como as pessoas se relacionam com
os meios de comunicação, o que faz com que os papéis de produtores e
consumidores de informação se alterem.
- Cultura da convergência de meios
Em Cultura da
Convergência, Henry Jenkins, propõe um conceito para definir as transformações
tecnológicas, mercadológicas, culturais e sociais percebidas no cenário
contemporâneo dos meios de comunicação. O autor analisa o fluxo de conteúdo que
perpassa múltiplos suportes e mercados midiáticos, considerando o comportamento
migratório percebido no público, que oscila entre diversos canais em busca de
novas experiências de entretenimento. Jenkins fundamenta seu argumento em um tripé composto por três conceitos básicos: convergência
midiática, inteligência coletiva e cultura participativa.
Inteligência coletiva refere-se à nova forma de
consumo, que tornou-se um processo conjunto e pode ser considerada uma nova
fonte de poder. A expressão cultura participativa, por sua vez, serve para
caracterizar o comportamento do consumidor midiático contemporâneo, cada vez
mais distante da condição receptor passivo. São pessoas que interagem com um
sistema complexo de regras, criado para ser dominado de forma coletiva. Por
fim, a ideia de convergência proposta pelo autor não é pautada pelo
determinismo tecnológico, mas fundamentada em uma perpectica culturalista.
Neste sentido, ao longo das páginas, Jenkins vai articular três noções
fundamentais de seu argmento: a convergência midiática como processo cultural e
não tecnológico; o modelo da narrativa transmidiática como referencial da noção
de convergência; o conceito de economia afetiva, que serve para pensar o
comportamento de consumidores e produtores na contemporaneidade.
- Pela Internet de Gilberto Gil
Após pesquisa,
tomei conhecimento que “Pela Internet”, de Gilberto Gil, foi a primeira música
no mundo a ser cantada ao vivo pela internet há exatos 21 anos. Como nos tempos
de hoje tudo se atualiza, nada melhor do que uma atualização versão 2018 dessa
música, como próprio cantor menciona em suas entrevistas, se mostrando uma
pessoa muito antenada.
A canção original é uma apologia à internet, que na
época conquistava cada vez pessoas e lugares pelo Brasil. A letra exalta o
encurtamento das distâncias e o espaço democrático e horizontal que a rede
promove. Ficava nítido que estávamos diante de uma composição que trata da
velocidade das informações, dos acontecimentos, do advento da internet e do
processo de globalização.
Mas, passados 21 anos, as coisas mudaram um pouco
de “face” para Gil.
Já na segunda versão fica claro que a importância
que o digital assumiu para a sociedade, tal como os aplicativos móveis e suas constantes
atualizações são debatidos em “Pela Internet 2”, vai além disso, como destaca o
próprio cantor e compositor Gilberto Gil (2018):
“Nessa nova letra, a dose apologética diminuiu e a crítica aumentou. É
natural que assim seja, porque a internet virou um pandemônio, um estímulo a
esse narcisismo individualista que se desdobra em política de ódio.”
Ainda em seu depoimento, o cantor falou sobre os malefícios
do mundo conectado em rede Gilberto
Gil (2018):
“As imperfeições humanas se multiplicam nessa
multiplicação de possibilidades, de contato, de acesso e de informação.
- Perspectiva de Pierre Lévy
O termo
[ciberespaço] específica não apenas a infraestrutura material da comunicação
digital, mas também o universo oceânico de informação que ela abriga, assim
como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. Quanto ao
neologismo ‘cibercultura’, especifica aqui o conjunto de técnicas (materiais e
intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores
que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço (LÉVY, 1999, p.
17).
Neste sentido, estaríamos passando
por um processo de universalização da cibercultura, na medida em que estamos
dia-a-dia mais imersos nas novas relações de comunicação e produção de
conhecimento que ela nos oferece.
O
crescimento do ciberespaço é orientado por três princípios fundamentais: a
interconexão, a criação de comunidades virtuais e a inteligência coletiva. A
interconexão, mundial ou local, é um princípio básico do ciberespaço, na medida
em que sua dinâmica é dialógica. As comunidades virtuais
“são construídas sobre afinidades de interesses, de
conhecimentos, sobre projetos, em um processo mútuo de cooperação e troca”
(LÉVY, 1999, p.127).
Já a
inteligência coletiva pode ser considerada a finalidade última do ciberespaço,
pois ela descreve um tipo de inteligência compartilhada que surge da
colaboração de muitos indivíduos em suas diversidades.
“É
uma inteligência distribuída por toda parte, na qual todo o saber está na
humanidade, já que, ninguém sabe tudo, porém todos sabem alguma coisa” (LÉVY,
2007, p. 212).
Entretanto, aquilo que mais chama
atenção na obra de Pierre Lévy são suas proposições acerca da nova relação que
o Homem estabelece com o saber, agora que está imerso na cibercultura. O ciberespaço
amplifica, exterioriza e modifica funções cognitivas humanas como o raciocínio,
a memória e a imaginação.
O que é
preciso aprender não pode mais ser planejado nem precisamente definido com
antecedência.
[…]
Devemos construir novos modelos do espaço dos conhecimentos. No lugar de
representação em escalas lineares e paralelas, em pirâmides estruturadas em
‘níveis’, organizadas pela noção de pré-requisitos e convergindo para saberes
‘superiores’, a partir de agora devemos preferir a imagem em espaços de conhecimentos
emergentes, abertos, contínuos, em fluxo, não lineares, se reorganizando de
acordo com os objetivos ou os contextos, nos quais cada um ocupa posição
singular e evolutiva (LÉVY, 1999, p. 158).
Neste sentido, Lévy coloca em cheque
a organização do sistema educacional e o papel do professor. Ambos devem levar
em conta o crescimento do ciberespaço e o avanço da cibercultura. O professor
deveria deixa o papel historicamente construído de centralizador do
conhecimento para se tornar um incentivador da inteligência coletiva.
Essas
reflexões Lévy podem ser questionadas, principalmente quando se considera a
questão da exclusão digital. No entanto, ainda que a cibercultura não seja uma
verdade universal, o caminho que a internet nos sugere é sem volta, portanto,
precisa ser compreendido e sociologia tem muito a contribuir.
Dessa
forma, estamos diante de um caminho sem volta, onde o trânsito da informação e
da globalização através das tecnologias, cada vez mais velozes e avançadas, são
partes integrante do cotidiano do indivíduo, construindo e trocando
conhecimento/cultura o tempo todo. Nós como professores deveremos ter sabedoria
e habilidade em utilizar todos esses mecanismos como aliados na educação.
THAIS DA SILVA FRANCO
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