sábado, 16 de fevereiro de 2019

Cultura Digital por Taynille da Silva Souza


     O conceito de cultura digital está fortemente relacionado ao fato de que relações humanas estão sendo mediadas por tecnologias e comunicações digitais, e a partir da sua expansão o conhecimento setorizado da maneira tradicional está cada vez mais entrando em desuso, pois se o indivíduo tem uma infinidade conhecimento ao alcance de alguns cliques, por que ele iria querer se especializar em apenas um tema durante toda a sua vida?

     Um conceito que tem surgido e que na minha opinião representa muito bem a cultura digital, é o termo “slashie”, esse termo vem da palavra slash que em inglês significa barra (/), ou seja, são pessoas que trabalham em várias coisas ao mesmo tempo. Essas pessoas podem ter uma formação tradicional ou não, mas ao mesmo tempo se identificam com outras áreas e podem transformar aquilo em outra atividade, por exemplo, uma pessoa pode ser advogada/confeiteira/empresaria, ela não precisa deixar de exercer uma atividade para exercer a outra, e pode buscar conhecimentos que sejam de seu interesse nas diversas plataformas, gratuitas e pagas, que temos disponíveis na internet.


     Porém é necessário cuidado e criatividade quando falamos de cultura digital no meio educacional, na minha opinião o maior desafio por parte do professor é organizar o planejamento para que o seu uso em sala de aula não transforme o aprendizado em uma coisa superficial, onde os alunos sabem um pouco sobre cada assunto, mas não desenvolvem pensamento crítico sobre nenhum deles.
   O conceito de inteligência coletiva surge do fato de que hoje em dia os conhecimentos são compartilhados através da colaboração de muitos indivíduos, levando em conta que ninguém sabe tudo, mas todos sabemos alguma coisa, a inteligência é distribuída para todos, gerando o enriquecimento mútuo das pessoas.

     Seguindo essa linha de raciocínio, temos a expressão cultura participativa, que representa a forma como a sociedade como um todo tem se distanciado cada vez mais da condição de receptora, para se tornar uma produtora de conhecimento, e através da internet disseminar suas ideias e informações com todos. Isso é possível através da convergência dos meios tradicionais de disseminação de conhecimento para meios digitais, transformando consumo de mídias em produção de conteúdo, portando incentiva a participação.

     Através da música “Pela internet” de Gilberto Gil, que foi lançada pela primeira vez no início do advento da internet nos anos 90, e que foi relançada como nova letra pelo artista 20 anos depois, onde todos estão conectados e a internet é parte fundamental do nosso dia-a-dia; é possível traçar um comparativo e ver quanta coisa mudou. Na primeira versão o tom da música nos traz a globalização como o principal foco, onde fala de juntar pessoas em Connecticut, conectar lares no Nepal e etc, pois na época estava ocorrendo principalmente a transição dos meios de comunicação tradicionais, onde uma equipe de jornalismo teria que se deslocar até determinado local para produzir uma matéria sobre determinada noticia, e só então ser transmitida pela televisão nas casas da população, isso já estava mudando naquela época e já era possível entrar em chats e de conectar com pessoas de todas as partes do mundo. É interessante analisar quanta coisa mudou em um período de tempo relativamente curto, como quando o cantor fala de “disquete”, um dispositivo que já foi substituído por novas tecnologias a muito tempo, evoluindo para o CD, pendrive, até chegar no armazenamento em nuvem que o cantor menciona na nova versão. Na música “Pela internet 2”, lançada em 2018, o cantor fala de termos que são comuns no nosso cotidiano como criptomoedas, redes sociais, Google Maps, até a maneira que consumimos musica mudou, se a 20 anos as pessoas tiveram que comprar um CD ou esperar tocar no rádio para ouvir a primeira versão, hoje em dia para ouvir a segunda versão é só procurar no iTunes.

     Para Pierre Levy nós saímos da era do totalitarismo para a era do conhecimento onde a cibercultura e a inteligência coletivas são vistas na forma como as pessoas são incitadas a contribuir com o conhecimento da humanidade e através das redes assumem o controle das mídias.

Um comentário:

  1. Olá taynille, eu tive sorte de ser o seu avaliador. Gostei muita da amplitude da sua abordagem da Cultura Digital.
    Quero reforçar a questão de nós enquanto professor, como podemos lidar com esta realidade e como podemos e devemos nos apropriar destes recursos na formação profissional de nossos alunos.
    Parabéns!

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