Segundo José Murilo Carvalho Junior em “Por uma cultura digital participativa” no livro Cultura Digital.br organizado por Rodrigo Savazoni e Sergio Cohn em 2009, Carvalho Junior apresenta que a
“Cultura digital é um termo novo, emergente. Vem sendo apropriado por diferentes setores, e incorpora perspectivas diversas sobre o impacto das tecnologias digitais e da conexão em rede na sociedade [...] existe uma real carência de representação conceitual para os fenômenos surgidos no âmbito da cultura digital”
No material didático de Eli Lopes disponibilizado no curso de Licenciatura em Educação Profissional e Tecnológico, turma 2018, ao contrário de que muitos pensam a cultura digital não é um assunto exclusiva do meio educacional, mas também deste. Encontramos diversas transformações na sociedade que impactam na mudança de cultura, e uma das últimas mudanças de cultura é a Carteira Nacional de Habilitação – CNH em meio digital, algo impensável até o ano passado em que um documento do Estado sendo reconhecido em forma digital nas ruas da cidade.
Baseado em Eli Lopes,
A Inteligência Coletiva é contribuição coletiva com a construção do conhecimento, é a colaboração de várias pessoas num crescimento conjunto onde o existe a colaboração.
A Cultura Participativa é o individuo participar ativamente com a cultura arraigada contribuindo para o todo, numa participação de um debate ou construção coletiva.
A Convergência de Meios é a ação humana com o meio, não apenas como nos relacionamos com as tecnologias, mas como usamos os recursos para construir um conhecimento conjunto, o crescimento coletivo.
Músicas
Pela Internet
Gilberto Gil
(1996)
Criar meu web site
Fazer minha home-page
Com quantos gigabytes
Se faz uma jangada
Um barco que veleje
Que veleje nesse infomar
Que aproveite a vazante da infomaré
Que leve um oriki do meu velho orixá
Ao porto de um disquete de um micro em Taipé
Um barco que veleje nesse infomar
Que aproveite a vazante da infomaré
Que leve meu e-mail até Calcutá
Depois de um hot-link
Num site de Helsinque
Para abastecer
Eu quero entrar na rede
Promover um debate
Juntar via Internet
Um grupo de tietes de Connecticut
De Connecticut acessar
O chefe da Macmilícia de Milão
Um hacker mafioso acaba de soltar
Um vírus pra atacar programas no Japão
Eu quero entrar na rede pra contactar
Os lares do Nepal, os bares do Gabão
Que o chefe da polícia carioca avisa pelo celular
Que lá na praça Onze tem um vídeopôquer para se jogar
Pela Internet 2
Gilberto Gil
Criei meu website
Lancei minha homepage
Com 5 gigabytes
Já dava pra fazer um barco que veleje
Meu novo website
Minha nova fanpage
Agora é terabyte
Que não acaba mais por mais
que se deseje
Que o desejo agora é garimpar
Nas terras das serras peladas virtuais
As criptomoedas, bitcoins e tais
Novas economias, novos capitais
Se é música o desejo a se considerar
É só clicar que a loja digital já tem
Anitta, Arnaldo Antunes, e não sei mais quem
Meu bem, o iTunes tem
De A a Z quem você possa imaginar
Estou preso na rede
Que nem peixe pescado
É zapzap, é like
É instagram, é tudo muito bem bolado
O pensamento é nuvem
O movimento é drone
O monge no convento
Aguarda o advento de Deus pelo iPhone
Cada dia nova invenção
É tanto aplicativo que eu não sei mais não
What’s app, what’s down, what’s new
Mil pratos sugestivos num novo menu
É Facebook, é Facetime, é Google Maps
Um zigue-zague diferente, um beco, um CEP
Que não consta na lista do velho correio
De qualquer lugar
Waze é um nome feio, mas é o melhor meio
De você chega
O fato interessante dessas músicas produzidas por Gilberto Gil, conforme Mauro Segura da então IBM onde fora produzido “Pela Internet” ao vivo pela primeira vez no Brasil em 14 de dezembro de 1996 nos prédios da Embratel a transmissão ao vivo de uma música pela Internet. O que chama a atenção é que o pano de fundo dessa música, é que em 1917 o compositor Donga registra a primeira gravação do samba, o marco zero do samba, e pasmem, o título da música era “Pelo Telefone”. Quem iria imaginar que vinte anos entre a “Pela Internet” e “Pela Internet 2” estariam ligas agora com o título da música que aguçou Gilberto Gil, pois a internet está “nas mãos” das pessoas por seus smartfones.
A relação encontrada nas letras das músicas de Gilberto Gil, além das mudanças tecnológicas em poucos anos, é o fato que as pessoas se tornem hiperconectadas, deixaram de serem passivas na relação com a tecnologia para se tornarem ativas e presas a conectividade, onde produzem conteúdos e dependem delas diariamente, não conseguindo se desvencilhar. Estou vivendo esse momento enquanto escrevo este post, o bairro está sem energia elétrica, a bateria do notebook acabando, sem internet e o prazo para entrega virtual desse trabalho findando.
No trabalho de Angela Halen Claro Bembem e Plácida Leopoldina Ventura Amorim da Costa em Inteligência coletiva: um olhar sobre a produção de Pierre Lévy, apresentam no quadro 1 algumas obras de Lévy e uma delas (LÉVY, P. Cibercultura.2.ed. São Paulo: Editora 34, 2000) elas trazem que “a cibercultura pode ser compreendida como as técnicas materiais e intelectuais, as atitudes, os pensamentos e valores que se desenvolvem conjuntamente no crescimento do ciberespaço” e que “inteligência coletiva é apresentada como um dos principais motores da cibercultura, e como remédio contra o ritmo desestabilizador e excludente da mudança técnica, já que ela possui um caráter aberto e participativo favorecendo a cibercultura. Todavia, a inteligência coletiva proposta pela cibercultura também acelera as modificações técnicas, por isso pode ser entendida também como veneno para àqueles que não participam desse contexto”
Relacionando o apresentado pelas pesquisadoras sobre Lévy e o escrito nesse post, encontro a relação da criação conjunta do conhecimento, da interatividade, do ciberespaço na construção conjunta da cultura na interação com a inteligência coletiva.
fontes:
http://culturadigital.br/wp-content/blogs.dir/1/files/2013/06/cultura-digital-br.pdf
http://www.maurosegura.com.br/pela-internet-gilberto-gil/
http://www.gilbertogil.com.br/sec_musica_2017.php
http://www.scielo.br/pdf/pci/v18n4/10.pdf
Luciano Manoel Machado - Polo São José
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