domingo, 17 de fevereiro de 2019

Cultura Digital por Luci Ramos Fachin




A Cultura Digital traz enormes possibilidades em nossas vidas, o nosso dia a dia é regado de tecnologias, já não nos vemos mais sem os computadores e celulares, aplicativos são  criados a todo momento para facilitar as nossas vidas o que  nos deixam dependentes. Na educação, podemos reconhecer nesse universo as tecnologias interativas que reduzem distâncias, não apenas geográficas, nos processos de ensino e aprendizagem. Entre professores, alunos e conteúdos há espaços e barreiras físicas, mas também pode haver afastamentos diversos que prejudicam ou anulam a atividade pedagógica até mesmo em cursos presenciais.
Entendemos que a presença da tecnologia, de dispositivos e aplicativos, está tão forte no nosso cotidiano que o modo de pensar, comunicar, fazer e viver sofrem mudanças significativas e históricas. Esse processo exige uma investigação sobre a cultura em que estamos inseridos. Entendemos que a cultura digital pode nos ajudar a pensar formas de ampliar o uso das tecnologias interativas no ensino aprendizagem e assim melhorar sua qualidade. Mesmo com a resistência de alguns professores, os alunos trazem consigo essa bagagem cultural tecnológica, criando uma agilidade em se informar, criar, ver ou ler um conteúdo, o aluno tem uma maior autonomia para realizar uma atividade. É expectativas que existem no contexto tecnológico atual e nossa preocupação em enfrentar essas demandas e garantir de alguma forma, a excelência do ensino.
Com essas mudanças tecnológicas em grande velocidade, o professor deverá estreitar valores com outras pessoas, trabalhar com a interdisciplinaridade e se capacitar para entender essa nova cultura, não somente o professor, mas o sistema de ensino deve se reinventar. Essas mudanças precisam ser compreendidas, pois alteram comportamentos, redesenham a economia e movimentam a cultura.
Hoje qualquer um grava um vídeo ou faz uma publicação em tempo real, tira fotos, é possível escrever um texto e compartilhar com milhares de pessoas. As pessoas se modificam umas com as outras por meio das interações sociais, o pensamento mudou através da convergência dos meios. Esta, por sua vez, possibilita novas formas de participação e elaboração. A convergência de meios permite que o consumo das mídias seja transformado em produção e, por isso, incentiva a participação, formando uma cultura participativa.
A cultura participativa contrasta com a passividade. Como disse Gilberto Gil na reconstrução da sua música: "criei meu website, lancei minha homepage", pois, se "o desejo agora é navegar, subindo o rio Tejo tenho como achar". 
A inteligência coletiva pressupõe que todos contribuem com a construção do conhecimento. Ela contrasta com a ideia do paradigma do expert, sendo este último aquele que considera que um sabe e o outro não. A inteligência coletiva é consolidada pelo coletivo. As redes sociais, a wikipedia, o Instagram, somente para citar alguns exemplos, são espaços onde há inteligência coletiva. 
Gilberto Gil em 1996 retrata uma era tecnológica mais tímida, querendo surgir, Gilberto Gil ainda querendo fazer uso delas, sonhando em usá-las, a música produzida 20 anos depois, mostra que muita coisa mudou e que ninguém mais consegue viver sem a tecnologia, pois tudo gira em volta dela e todo mundo fica preso nela. Seja para buscar informações, entretenimento, interação social ou até mesmo produção econômica. Essa ligação entre pessoas através das tecnologias acaba criando uma inteligência coletiva que Lévy descreve como inteligência coletiva e ciberespaço.
No que tange à inteligência coletiva, defende que todos os indivíduos têm a sua própria inteligência acumulada em suas vivências pessoais e que deve ser respeitada por isso. Reitera que ela serve como um modo de interação social, por ser capaz de criar uma espécie de democracia em tempo real, dadas as suas constantes possibilidades de interação entre os pares. E com relação ao conceito de ciberespaço salienta que, muito mais que um meio de comunicação ou mídia, trata-se de um espaço de reunião de uma infinidade de mídias e interfaces, que podem ser encontradas tanto nas mídias como: jornal, revista, rádio, cinema, tv, bem como mais diferentes interfaces que permitem a interação ao mesmo tempo ou não, como os chats, os fóruns de discussão, os blogs, entre outros.
A partir desses conceitos, o ciberespaço apresenta-se como o local onde a inteligência coletiva se forma por conta da interação entre as pessoas que, como sujeitos individuais que são, promovem o intercâmbio de ideias por meio de comunidades virtuais, cujo objetivo maior está em promover amplas conexões entre seus participantes. O que resulta disso é a transmissão e a construção de ideias que acaba por criar um outro conceito: o da cibercultura – um movimento social e cultural que estabelece uma relação nova com o conhecimento e o saber, ou seja, apresenta novas formas e possibilidades de se aprender e ensinar, retirando-as dos campos comuns da realidade. E é esse espaço, onde a interação acontecem, que acaba por promover implicações e mudanças nos conceitos de arte, na organização de espaços e de territórios, nos limites entre o individual e o coletivo, enfim. Como resultado disso, temos questionamentos no mundo real no que tange à formação e à educação do indivíduo:
Como dar-se-á a educação nesse espaço? O que se ensina? O que se aprende? Como se avalia? Quem orienta? Quem ensina e quem aprende?
São questões a serem pensadas em relação a esse espaço virtual que não pode ser negado nem ignorado porque já faz parte da realidade.

Lévy, entendendo o ciberespaço com um fato concreto na contemporaneidade, prova que é possível aprender e ensinar a partir dele, ou seja, a interação entre os usuários desse espaço é capaz de fazer com que eles não só adquiram conhecimentos, como também compartilhem-nos. Trata-se de uma ação recíproca. E essa ação faz repensar os moldes atuais de educação que precisa reestruturar-se para dar conta de inserir o aluno e os meios virtuais/tecnológicos em sala de aula como aliados ao aprendizado.

O autor defende que a inteligência coletiva não se limita apenas à exposição do conteúdo e ao retorno disso, através de um forum ou chat, mas num sentido mais amplo ela se representa principalmente a capacidade de reconhecer o outro como um sujeito dotado de inteligência, como um ser que possui um conhecimento potencializado. A partir disso, os mais diferentes saberes buscam-se em complementaridades, e cada indivíduo envolvido nesse processo, não deve discriminar alguém devido a sua condição social, civil, sexual, uma vez que admite seus conhecimentos e saberes individuais como resultado de sua formação. Ao se reconhecerem dessa maneira, a prática da ideia de inteligência coletiva pode levar a uma melhor comunicação entre os indivíduos, bem como a uma maior compreensão do outro enquanto ser inteligente, porque cada um possui o que ele chama de savoir-faire (saber fazer): um conhecimento seu que, compartilhado, traria benefícios às diferentes áreas da vida humana. É uma forma de valorizar o outro e valorizar-se para juntos promoverem o crescimento do todo.
A princípio levantou-se um questionamento a respeito do fato de existirem diferentes línguas e que isso poderia ser prejudicial a esse processo. Felizmente, com os avanços tecnológicos, empregando ferramentas capazes de traduzir diferentes idiomas, os usuários do ciberespaço acabaram por romper com essa dificuldade, tendo cada vez mais acesso aos diferentes mundos dentro do espaço virtual. Dessa forma, a aprendizagem não seria processada em um movimento uniforme e retilínio, mas acima de tudo num movimento espiral.

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