sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Cultura Digital por Leonardo Burtet

Se entendermos que cultura significa aquilo que inclui o conhecimento, a arte, as crenças, a lei, a moral, os costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo ser humano não somente em família, como também por fazer parte de uma sociedade da qual é membro. Cultura digital seriam todas essas questões construídas, vivenciadas e compartilhadas no ambiente digital.

Cultura digital refere-se à cultura moldada pelo surgimento e uso de tecnologias digitais. As tecnologias digitais são tão onipresentes em todo o mundo que o estudo da cultura digital engloba potencialmente todos os aspectos da vida cotidiana, e não se limita à internet ou às modernas tecnologias de comunicação. Todas as novas formas de se comunicar e relacionar por meio das novas tecnologias que estão em constante mudança e fazem parte do mundo contemporâneo são possibilidades de construção da cultura digital.


O surgimento da cultura digital é geralmente associado a um conjunto de práticas baseadas no uso cada vez mais intensivo das tecnologias de comunicação. Esses usos implicam comportamentos mais participativos do lado do usuário, um ambiente cada vez mais rico e recursos de conexão que superam as dimensões pessoais.


A cultura digital está em primeiro lugar pelas mudanças trazidas pelo surgimento da mídia digital, em rede e personalizada em nossa sociedade e pela passagem das fases de comunicação centradas na mídia impressa e de transmissão, para mídias mais personalizadas e em rede, que usam as capacidades de compactação e processamento digital em seu núcleo.


Estamos deixando de ser meros espectadores e começando a participar mais efetivamente. A ideia de uma cultura participativa não pode ser confundida com mera interatividade. Para se chegar a uma cultura participativa é preciso que as pessoas contribuam ativamente com a sua cultura.


A troca de saberes é requisito básico na construção de uma inteligência coletiva. Onde a inteligência coletiva é muito mais que a posse do conhecimento, mas é a construção social, ou o processo social de construção coletivo e de aquisição de conhecimento.


Essa convergência não ocorre nos aparelhos, mas sim, na interação humana com esses meios. Cada plataforma contribui com o que faz de melhor. Essas mudanças alteram comportamentos, redesenham a economia e movimentam a cultura. A convergência de meios, a cultura participativa e a inteligência coletiva são os três elementos constituintes de uma cultura da convergência.


Gilberto Gil em 1996 lançou a música “Pela internet” nos primórdios da internet. Onde a utilização de palavras como web site, home-page, gigabytes e disquete não faziam parte do nosso cotidiano. Além da ideia de aproximação através da internet de pessoas com interesses comuns por determinados assuntos (Eu quero entrar na rede; Promover um debate; Juntar via Internet; Um grupo de tietes de Connecticut).


Na cultura digital, as mídias e linguagens se entrelaçam cada vez mais, formando redes tão conectadas que fica cada vez mais difícil dizer onde começa uma e termina outra. Tanto que vinte e um anos depois, Gilberto Gil lançou a música "Pela Internet 2". e tudo faz mais sentido para todos. Todas essas palavras (website, homepage, gigabytes, fanpage, terabyte, itunes, like, instagram, nuvem, drone, iphone, facebook, facetime, google maps, waze) fazem parte do nosso vocabulário e todos temos acesso a elas na palma de nossas mão. 


Pierre Lévy é filósofo, sociólogo e pesquisador em ciência da informação e da comunicação e estuda o impacto da Internet na sociedade, as humanidades digitais e o virtual. Ele é considerado um otimista, mas não promete que a Internet resolverá, em um passe de mágica, todos os problemas culturais e sociais do planeta. Uma das obras mais conhecidas de Pierre Lévy no Brasil e no mundo é o livro Cyberculture (Cibercultura). Onde reconhece dois fatos:


1. O crescimento do ciberespaço resulta de um movimento internacional de jovens ávidos para experimentar, coletivamente, formas de comunicação diferentes daquelas que as mídias clássicas nos propõem.


2. Estamos vivendo a abertura de um novo espaço de comunicação, e cabe apenas a nós explorar as potencialidades mais positivas deste espaço nos planos econômico, político, cultural e humano.


Esse crescimento do ciberespaço não determina automaticamente o desenvolvimento da inteligência coletiva, ele apenas fornece a esta inteligência um ambiente propício. Existem processos de inteligência coletiva que se desenvolvem de forma eficaz graças ao ciberespaço. 


Devido a seu aspecto participativo, socializante, descompartimentalizante, emancipador, a inteligência coletiva proposta pela cibercultura constitui um dos melhores remédios para o ritmo desestabilizante, por vezes excludente, da mutação técnica. Mas, neste mesmo movimento, a inteligência coletiva trabalha ativamente para a aceleração dessa mutação.


A internet é um caminho sem volta, portanto, devemos levar em conta o crescimento do ciberespaço e o avanço da cibercultura. O conhecimento deixa de ser centralizado e começa a ser construído coletivamente.


_______________________________________________



Leonardo Burtet
Um clássico exemplo da geração Y, multitarefa e que sempre flertou com diversas áreas de interesse. Bacharel em Administração, Técnico em Eventos e já fez cursos na área de design e audiovisual. Demorou a se encontrar no mercado de trabalho, porquê tinha uma dificuldade em abrir mão das coisas que acreditava e que às vezes eram conflitantes com o que empresas consideram um “funcionário padrão”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário