domingo, 17 de fevereiro de 2019

Cultura digital por Kettelin Gerlach

A cultura pode ser entendida como conhecimento, a arte, as crenças, as regras, as tradições e todos os costumes e competências adquiridos pelo ser humano, diante disso, pode-se determinar que cultura digital inclui todas as questões construídas e experiências compartilhadas no ambiente digital.

Dentro da cultura digital pode-se destacar 3 aspectos basilares:

a) Inteligência coletiva - constituída pela forma de pensar e compartilhar os conhecimentos por meio de recursos digitais, como exemplo disso temos a  internet onde as inteligências individuais são somadas e compartilhadas pelo coletivo.

b) Cultura participativa - Com o auxílio da internet, deixamos de ser meros receptores passivos, e passamos  a produzir conhecimentos, disseminando informação e ideias, utilizando-se de ações coletivas para gerar soluções de problemas, ou seja, na internet a voz passa a ter importância, ser interativa e influente.

c) Convergência de meios - Pode-se destacar duas prismas, a primeira da ênfase ao lado tecnológico e pode ser ilustrado pelos aparelhos eletrônicos que, além de sua funcionalidade básica, desempenham várias outras funções. Como exemplo disso temos o smartphone, sua finalidade é telefonar porém outras aplicações como rádio, televisão, videogame, mensagem de texto também estão presentes. Já a segunda forma compreende tanto as novas relações das indústrias de mídia quanto o seu vínculo com os consumidores. São formas diferentes de cativar o cliente abordando todos os meios disponíveis.

Como contraponto às mudanças digitais aparecem as músicas, versões 1996 e 2018, “Pela internet” de Gilberto Gil. Na primeira versão temos uma perspectiva mais globalista, onde a internet era caracterizada simplesmente pela conectividade. Na segunda versão aparece uma crítica que aponta o estímulo ao narcisismo individualista que se desdobra em política de ódio. A versão também deixa clara a horizontalização da internet no mundo todo.

O grande guru desta narrativa, Pierre Lévy, buscou analisar qual era a função dos computadores no processo de comunicação e sua influência na evolução cultural. Relacionando ao seu trabalho, pode-se dizer que o ciberespaço apresenta-se como o lugar onde a inteligência coletiva se forma por conta da interação humana, e essa por sua vez, promove o intercâmbio de ideias por meio de relações virtuais, cujo objetivo maior está em promover amplas conexões entre seus participantes. O resultado é a transmissão e a construção de ideias que acaba por criar um outro conceito: o da cibercultura – um movimento social e cultural que estabelece uma relação nova com o conhecimento e o saber, ou seja, apresenta novas formas e possibilidades de se aprender e ensinar, retirando-as dos campos comuns da realidade. E é esse espaço, onde a interação acontece, que acaba por promover implicações e mudanças nos conceitos de arte, na organização de espaços e de territórios, nos limites entre o individual e o coletivo, enfim. Como resultado disso, temos questionamentos no mundo real no que tange à formação e à educação do indivíduo: Como dar-se-á a educação nesse espaço? O que se ensina? O que se aprende? Como se avalia? Quem orienta? Quem ensina e quem aprende? São questões a serem pensadas em relação a esse espaço virtual que não pode ser negado nem ignorado porque já faz parte da realidade.


Kettelin Gerlach

Nenhum comentário:

Postar um comentário