Cultura
digital por Joel Goulart
Sobre cultura digital podemos ficar com um conceito dividido
em seis tópicos, criado pelo sociólogo espanhol Manuel Castells, em dossiê
publicado pela revista Telos, mantida pela Fundación Telefónica;
1. Habilidade para comunicar ou mesclar qualquer produto
baseado em uma linguagem comum digital;
2. Habilidade para comunicar desde o local até o global em
tempo real e, vice-versa, para poder diluir o processo de interação;
3. Existência de múltiplas modalidades de comunicação;
4. Interconexão de todas as redes digitalizadas de bases de dados
ou a realização do sonho do hipertexto de Nelson com o sistema de armazenamento
e recuperação de dados, batizado como Xanadú, em 1965;
5. Capacidade de reconfigurar todas as configurações criando
um novo sentido nas diferentes camadas dos processo de comunicação;
6. Constituição gradual da mente coletiva pelo trabalho em
rede, mediante um conjunto de cérebros sem limite algum. Neste ponto, me refiro
às conexões entre cérebros em rede e a mente coletiva.
Sobre inteligência coletiva podemos resumir com a velha e
boa frase de que “ninguém é tão inteligente que não tenha nada a aprender e
também nem tão burro que não tenha nada para ensinar”. Ou seja, ela defende a
ideia de que todos nós temos nossas experiências particulares e com elas temos
nossos próprios conceitos de determinados assuntos, cada um com a sua perspectiva,
cada um com a sua razão no seu ponto de vista, o conceito defende a ideia de
não existir uma única verdade sobre determinado assunto, e aceita várias
perspectivas para se determinar algo.
Ainda na onda da inteligência coletiva, podemos observar o
movimento da cultura participativa onde qualquer um agora munidos de muito
conhecimento fornecido pela própria internet acaba também se transformando em
não mais apenas receptores mas também criadores de conteúdo, formadores de opinião,
expondo sua perspectiva de determinados assuntos.
Podemos abordar o termo convergência de meios que nada mais
é do que os meios de comunicação já existente há muito tempo, alguns até mesmo já
ultrapassados se aproveitando da internet que é o nosso meio mais atual e
utilizado para se promoverem e reconquistarem seu espaço agora na era digital,
como o exemplo de jornais de papel que hoje tem suas notícias publicadas em sua
página na internet ou em suas mídias sociais, também os canais de TV que
transmitem sua programação em seu site ou até mesmo pelo próprio Youtube, isso
é na prática a convergência de meios ou mesmo convergência midiática.
Na música pela internet de Gilberto Gil de 1996 nós podemos
observar que os recursos da época eram bem limitados, a maior medida digital
citada por exemplo é o gigabyte, já na nova versão de 20 anos depois já é
citado o terabyte, para armazenamento de dados ouvimos sobre disquete, na nova
versão, já se fala em nuvem, fora a gama imensa de aplicativos que são
lembrados na versão mais atual que nem existiam em 96, whatsapp, facebook,
instagram, waze, entre outro inúmeros.
Na concepção de Lévy a inteligência coletiva, defende que
todos os indivíduos têm a sua própria inteligência acumulada em suas vivências
pessoais e que deve ser respeitada por isso. Reitera que ela serve como um modo
de interação social, por ser capaz de criar uma espécie de democracia em tempo
real, dadas as suas constantes possibilidades de interação entre os pares. Já
no que diz respeito a cibercultura, ele nos traz suas percepções sobre a o
crescimento do ciberespaço, novo meio de comunicação que surge da interconexão
de computadores e o consequente surgimento da cibercultura. Segundo ele, “a
cibercultura expressa o surgimento de um novo universal, diferente das formas
que vieram antes dele no sentido de que ele se constrói sobre a indeterminação
de um sentido global qualquer” (LÉVY, 1999, p. 15). Trata-se de um “novo
dilúvio”, provocado pelos avanços tecnológicos das telecomunicações, em
especial, o advento da internet. Podemos observar que os conceitos citados
acima sobre inteligência coletiva, cultura participativa e convergência de
meios tem total ligação com os conceitos de Lévy, afinal ele é um dos maiores
estudiosos da área, e no fundo de cada artigo que trata do assunto, vamos
encontrar mesmo que mascarado algum conceito seu.
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