domingo, 17 de fevereiro de 2019

Cultura Digital por Carlos Eduardo Bueno


  

Cultura é o conhecimento, os costumes, a arte, as crenças, a lei e todos os hábitos e aptidões adquiridas pelo ser humano. Cultura digital representa uma mudança de era, com processos que se auto-organizam, emergentes, surgiu com o compartilhamento de nossas vidas e momentos no ambiente digital, inclui todas as questões construídas e experiências compartilhadas no ambiente digital.
Inteligencia coletiva é tema interdisciplinar e tem sido explorado pelas mais diversas áreas do conhecimento, um conceito de um tipo de inteligência compartilhada que surge da colaboração de muitos indivíduos em suas diversidades. Pierre Lévy citou que, "o conceito de inteligência coletiva possibilita o compartilhamento da memória, da percepção e da imaginação, resultando na aprendizagem coletiva e na troca de conhecimentos". É uma inteligência distribuída por toda parte, no qual todo o saber está na humanidade, é a somatória das inteligências individuais, que compartilhadas resultam em reconhecimento e o enriquecimento mútuo das pessoas.
Antes de falar de cultura participativa é necessário entender o processo em que esse conceito é baseado, o que Henry Jenkins intitula "Convergência Midiática", no qual essa convergência é mais do que uma mudança tecnológica. A convergência altera a relação entre tecnologias existentes, indústrias, mercados, gêneros e públicos, refere-se a um processo, não a um ponto final.
De acordo com JENKINS (2006a; 2006b), a cultura da convergência abarca a questão tecnológica do fluxo de conteúdos ocorrendo através de diferentes e múltiplos suportes midiáticos, e vai além disso, dizendo respeito às mudanças no comportamento do público, que agora se apropria das redes digitais para buscar diferentes experiências de entretenimento e de informação.
A cultura participativa é o termo usado por JENKINS (2006a) para explicar o contexto atual de crescimento da participação e interferência do público nos processos de comunicação de diferentes suportes midiáticos. Segundo ele, os sujeitos hoje podem mais facilmente se apropriar de conteúdos, recriar e distribuir diferentes materiais de forma mais fácil, rápida e barata. Para Jenkins (2006b), este é o momento em que os públicos são centrais para que se obtenha o entendimento de como a cultura opera. As tecnologias estão facilitando aos consumidores a apropriação e a recirculação dos conteúdos midiáticos. “A cultura participativa é tudo menos de margem ou underground nos dias de hoje” (JENKINS, 2006b, p.2).
A tecnologia que faz parte desse processo possui um potencial associativo e agregador, o que facilita a apropriação dos sujeitos e a utilização dessas ferramentas, a partir de demandas próprias de cada grupo de sujeitos. Isso significa dizer que as tecnologias de cada época funcionam como vetores das formas de agregação social. Com as tecnologias digitais e a apropriação destas por sujeitos com demandas próprias de utilização, surgem novas possibilidades de construção de formas simbólicas, os contextos se alargam e os pontos de referência mudam constantemente. Esse alargamento das possibilidades acarreta uma consequente ampliação das demandas dos consumidores, ou seja, uma vez que as possibilidades de obter conhecimento são maiores, assim também serão as exigências dos indivíduos por informações diferenciadas, mais aprofundadas ou mais relacionadas a seus gostos, contextos e identificações.
Essas tecnologias não alteram simplesmente as formas como a mídia produz ou é consumida; elas também ajudam a derrubar barreiras de entrada no mercado da mídia. A internet abriu um novo espaço público de discussões sobre os conteúdos sobre os conteúdos midiáticos e a web tornou-se um importante mostruário para a produção cultural de base. A web tornou possível para as produções midiáticas alternativas de todos os tipos ganhar maior visibilidade e ir além dos públicos localizados, em direção a uma circulação muito mais ampla (JENKINS, 2006c, p. 555).
Os chamados influenciadores, de certa forma, criaram seus públicos em torno de gostos e opiniões muito específicos.  Da perspectiva de mercado, o valor econômico do conteúdo dos influenciadores depende do nível de satisfação de necessidades relacionadas ao mesmo. A música "Pela internet" foi cantada por um influenciador do meio, porém a mesma é lança ao pública frases abertas, sem conteúdos expressivos.
São novos modelos de negócios em narrativas diferenciadas a públicos fragmentados, de nicho, em ambientes tensionados pela potencialidade de diferentes discussões/ participações com hierarquias de ação diferentes. A cultura da comunicação de nicho e a criação de estratégias de conteúdo por meio da cultura da participação e da convergência de mídia passam a ser premissas da atuação dos influenciadores, que por sua vez criam uma lógica de valor de conteúdo a ponto de torná-lo relevante, compartilhável e engajado, reforçando os laços entre as comunidades de fãs ao redor desses sujeitos na rede.
A emergência de um novo modelo de comunicação não significa o desaparecimento dos modelos anteriores, mas sim um “tudo junto e misturado”.
As mídias tradicionais não morreram, mas hoje dividem espaço com novos modelos, novos níveis de participação, são novos modelos de negócios em narrativas diferenciadas a públicos fragmentados, de nicho, em ambientes tensionados pela potencialidade de diferentes discussões/ participações com hierarquias de ação diferentes, vivemos em novos tempos com novos desafios mas sem esquecer o passado!

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