Se entendermos a cultura como "todo aquele
complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os
costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como
membro da sociedade ” (Edward B. Tylor), podemos entender que cultura
digital inclui todas essas questões construídas e experiências compartilhadas
no ambiente digital.
A cultura digital, como o próprio nome diz, é a união
do cultural com o digital e é muito importante na criação, distribuição e
divulgação das informações nos dias de hoje.
Com o acesso instantâneo a todo
tipo de informação, é possível compartilhar experiências e participar da
construção do conhecimento através da internet, comunicar-se com pessoas de
qualquer lugar do mundo. Isso possibilita a interatividade, a interferência e a
colaboração com a produção intelectual, gerando uma nova forma de comunicação e
aprendizado.
JENKINS (2009) refere-se à
cultura de convergência como sendo o “fluxo de conteúdos através de múltiplos
suportes midiáticos, à cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao
comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão a quase
qualquer parte em busca das experiências de entretenimento que desejam”.
Ainda de acordo com este autor,
“a cultura da convergência está interligada com a cultura participativa
e com a inteligência coletiva, pois não designa apenas uma mudança tecnológica,
mas um processo com aspectos culturais, sociais e mercadológicos que ocorre
essencialmente nas interações entre os sujeitos”.
Howard
Rheingold (2012) fala de uma cultura participativa, em que uma parcela
significativa da população pode participar da produção de materiais culturais.
Ele enfatiza o empoderamento sem precedentes que o know-how digital
pode conceder, criando um senso de pertença e participação nos usuários.
Possibilita aos internautas adquirir habilidades para se envolver na vida
cívica de suas comunidades, construindo uma cultura mais democrática e
diversificada. A recompensa pode vir ainda com um emprego, um companheiro, ou
mesmo, a venda de um produto ou serviço.
O conceito da
inteligência coletiva foi criado a partir de alguns debates realizados por
Pierre Lévy relacionados às tecnologias da inteligência. Caracteriza-se pela
nova forma de pensamento sustentável através de conexões sociais que se tornam
viáveis pela utilização das redes abertas de computação da internet. Para Lévy
(2003), a inteligência coletiva é aquela que se distribui entre todos os
indivíduos, que não está restrita para poucos privilegiados. O saber está na
humanidade e todos os indivíduos podem oferecer conhecimento; não há ninguém
que seja nulo nesse contexto. Por essa razão, o autor afirma que a inteligência
coletiva deve ser incessantemente valorizada. Deve-se procurar encontrar o
contexto em que o saber do indivíduo pode ser considerado valioso e importante
para o desenvolvimento de um determinado grupo.
Nas duas composições de
Gilberto Gil sobre o uso dos recursos da Internet, ao compará-las, percebe-se
nitidamente uma ampliação dos recursos para navegação na rede mundial. No
primeiro momento, Gil faz menção aos recursos disponíveis para uso e navegação
na internet, bem mais limitados do que os recursos disponíveis 20 anos depois.
Na primeira composição, observa-se que a capacidade de armazenamento das mídias
digitais era bastante limitada se comparada com a capacidade atual. O acesso à
internet estava quase que exclusivamente limitado ao uso do computador. Se o
desejo era a música, tínhamos que nos contentar com as gravações em CDs. Vinte
anos depois, as músicas estão disponíveis em mídia digital, podendo-se
adquiri-las online a partir de uma loja digital. Antes a comunicação se dava
principalmente por e-mail. Agora, a tendência é de as pessoas interagirem quase
que exclusivamente por meio de aplicativos de mensagens instantâneas, tornando
a comunicação e o compartilhamento de conteúdo muito mais rápidos e eficaz. Esta
ampliação de recursos digitais sem dúvida alguma contribui de forma significativa
para a convergência de mídia, uma vez que incentiva as pessoas a buscar
informações em diversos meios e, a partir deles, criar conexões.
Quando Pierre Levy fala de cibercultura, ele está
falando de novas práticas e novos costumes que surgem com a adoção ou a
inserção no nosso cotidiano dessas tecnologias.
Criar perfis, enviar e-mails e entrar em um chat,
emitir e compartilhar, todo esse universo, esse campo, esse vocabulário faz
parte dessa nova cultura, que Pierre Levy denomina de cibercultura.
Pierre Levy
destaca três características fundamentais que nos permitem compreender toda a
dinâmica e funcionamento da internet.
Primeiro ele deixa bem claro que a internet obedece a
uma lógica que é a lógica da interconexão. De uma forma ou de outra, todos temos
acesso a todas as pessoas que de alguma forma atuam na internet.
Outra característica bastante importante é a formação
de comunidades. Segundo Levy, da mesma forma que nós atuamos num mundo real,
num mundo físico, ao ingressarmos na internet nós formamos comunidades.
Formamos grupos que partem dos mesmos interesses e afinidades.
A terceira característica é o que Pierre Levy chama de
Inteligência Coletiva. Na visão de Levy, a IC se processa da seguinte forma:
quando acessamos a internet, nós estamos levando a nossa bagagem de
conhecimento, a nossa bagagem de cultura. Além disso, nós temos a possibilidade
de acessar conteúdos que são extremamente variados e que antes só estavam
disponíveis fisicamente nos livros ou nas salas de aula, nos museus e bibliotecas.
Hoje, com as novas tecnologias, temos a facilidade de
visitar inúmeras bibliotecas e museus. Temos a possibilidade de assistir
palestras e aulas, bem como o acesso a uma série de conteúdos de artigos
científicos sem sair de nossa casa.
A Inteligência Coletiva a que Pierre Levy se refere é
essa possibilidade ampla de compartilhamento de conteúdo que está à nossa
disposição, sendo acrescentado e agregado aos conteúdos todos os dias.
Pierre Levy defende que a internet deve ser utilizada
como ferramenta para a democratização do saber e que a internet deve ser
utilizada como uma aliada da educação. Na visão deste filósofo, não dá para
conceber a educação sem o uso desse recurso que faz parte do nosso cotidiano e
que deve ser utilizado em favor da sociedade.
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