Cultura Digital
Vivemos e compartilhamos nossas vidas e momentos no ambiente
digital. Interagimos, fazemos mobilizações sociais, compartilhamos trabalhos
artísticos, produzimos e divulgamos conteúdo entre tantas outras atividades
todos os dias com nossos amigos ou pessoas totalmente desconhecidas por meio do
digital. Todas essas experiências fazem parte do que chamamos de Cultura
Digital.
Se entendermos que cultura é o conhecimento, a arte, as crenças,
a lei, os costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo ser humano,
podemos entender que cultura digital inclui todas essas questões construídas e
experiências compartilhadas no ambiente digital.
Os pesquisadores das novas tecnologias e ativistas Bianca
Santana e Sergio Amadeu da Silveira afirmam que a Cultura Digital é a
cultura da contemporaneidade. Para eles, a cultura digital representa uma
mudança de era, “com processos que se auto organizam, emergentes, horizontais,
formados como descontinuidades articuladas, podem ser assumidos pelas
comunidades locais, em seu caminho de virtualização, para ampliar sua fala,
seus costumes e seus interesses”. Como por exemplo, podemos pensar em todas as
mobilizações de financiamento coletivo. Pessoas comuns se mobilizando no
ambiente digital para contribuir financeiramente em prol de um projeto de um
desconhecido.
Todas as novas formas de se comunicar e relacionar por meio das
novas tecnologias que estão em constante mudança e fazem parte do mundo
contemporâneo são possibilidades de construção da cultura digital. Então nunca
menospreze o valor da sua produção! Seja um texto em um blog, um post no
Instagram ou um vídeo no YouTube, todas as formas de compartilhamento de
experiências, troca de afetos e divulgação de ideais e informações fazem parte
do processo de construção da cultura e influenciam a formação da nossa
sociedade. Faça sua contribuição à produção de cultura digital. Crie, interaja,
compartilhe e deixe a sua marca nessa geração!
Inteligência Coletiva
A inteligência coletiva é um conceito de
um tipo de inteligência compartilhada que surge da colaboração de muitos
indivíduos em suas diversidades. É uma inteligência distribuída por toda parte,
na qual todo o saber está na humanidade, já que ninguém sabe tudo, porém todos
sabem alguma coisa, ou seja, a base e o objetivo da inteligência coletiva são o
reconhecimento e o enriquecimento mútuo das pessoas.
Cultura Participativa
Cultura participativa é uma expressão designada para representar
a forma como a sociedade contemporânea desde o surgimento e adesão popular da Internet tem se distanciado cada vez mais da condição de receptora passiva. Produzir
conhecimento e disseminar informações e ideias tornou-se uma realidade
recorrente. Segundo Henry Jenkins, um dos mais importantes e
influentes pesquisadores da mídia na atualidade, o público encara a “Internet
como um veículo para ações coletivas - soluções de problemas, deliberação
pública e criatividade alternativa”. A cultura participativa propiciada pelo
caráter interativo da Internet é uma mudança no modo como as pessoas se
relacionam com os meios de comunicação, o que faz com que os papéis de
produtores e consumidores de informação se alterem.
Na cultura participativa é necessário que os consumidores
interajam intensamente criando e circulando conteúdos, criando um potencial
para a Internet de ser um poderoso instrumento de mobilização política, social
e cultural. Esse novo cenário é proporcionado por novos meios de comunicação
que tem como característica permitir mais participação e interação que os
antigos, sendo os novos meios mais “dispersos, descentralizados e facilmente
disponíveis.
Convergência de meios
É um conceito desenvolvido por Henry Jenkins
e designa uma tendência que os meios de comunicação estão aderindo para poder
se adaptar a internet, consiste em usar este suporte como canal para
distribuição de seu produto. Assim os outros tipos de mídia
podem ser encontrados na internet. O jornalismo muitas vezes absorve as novas tecnologias para o
seu aprimoramento e eficácia, tendo nascido de uma grande invenção que foi a prensa tipográfica, criada pelos chineses e
depois aperfeiçoada por Johannes Guttenberg. A fotografia até hoje
usada, há muito tempo habita as páginas dos jornais ajudando como complemento
da comunicação escrita. O rádio e a televisão
nos seus primórdios já exibiam conteúdo jornalístico. Com o tempo esses
veículos construíram linguagens diferentes dependentes de suas características.
Com o advento da internet os meios de comunicação sofreram com as perdas de ibope e de assinaturas. As
grandes empresas prevendo não poder concorrer com essa nova tecnologia se
aliaram a ela, daí surge a convergência, onde as várias mídias podem ser
encontradas na internet. Esse processo não aconteceu repentinamente, até porque
ainda vem acontecendo. É uma tendência que já chegou ao Brasil, a partir das
experiências de empresas estrangeiras e seguidas pelas nacionais.
Os jornais impressos já
adotaram a postura de convergir, a grande maioria dos jornais já possuem site,
existem diferentes formas como o conteúdo dos jornais é exibido na internet.
Alguns disponibilizam todo seu material que sai impresso na rede, outros apenas
para assinantes e há ainda os que só oferecem no site algumas matérias, porém
todos usam a internet como ferramenta de interação. Um fenômeno típico da
convergência midiática é o uso de conteúdo em vídeo por empresas de jornais impressos nos seus
sites, isso acontece pela necessidade que o leitor tem de ver algum assunto com
mais velocidade, e pela facilidade que as novas tecnologias oferecem na hora de
fazer um vídeo, pois em tese qualquer pessoa com um celular ou uma câmera de
vídeo é capaz de gerar notícias, e isso ainda integra mais o leitor ao jornal
pois esse muitas vezes é o gerador desses vídeos.
O rádio ganhou maiores proporções com a internet, seu alcance
passou a ser mundial com as web rádios, a convergência midiática possibilitou à
qualquer usuário colocar suas produções radiofônicas na rede, sem precisar de
uma concessão do ministério das comunicações. A televisão digital é um bom
exemplo da convergência midiática, pois é uma junção da televisão tradicional
com a internet. As diferenças começam pela interatividade do telespectador com
a emissora, em tese o usuário é quem irá escolher a programação que prefere assistir,
será possível também acessar a internet e ter notícias em tempo real.
Pela Internet de Gilberto Gil em 1996 e a produzida 20 anos
depois.
Pela Internet de 1996 já foi muito moderna, ele realizou um
feito que posteriormente viraria tendência da indústria fonográfica. Gil foi o
primeiro artista brasileiro a ter seu show transmitido ao vivo pela internet, a
música “Pela Internet“.
A versão 2 de Pela Internet de Gilberto Gil é muito mais crítica
do que a primeira versão que tem doses apologéticas. Na primeira versão não
cita redes sociais (muito pouco existia) e ele queria entrar na rede, já na
segunda versão ele fala de tantas redes e aplicativos que se sente preso na
rede como um peixe pescado. Em 1996 gigabytes era muita coisa, agora é terabyte
que não acaba mais, ou seja, a dimensão e alcance da internet é muito maior do
que em 1996.
A versão 2 é inédita, mas com a mesma base instrumental e
melódica da original e critica a imensidão de informações na qual
estamos mergulhados.
Em entrevista após o lançamento da versão 2 Gil apontou detalhes sobre a letra nova:
“Nessa nova letra, a dose apologética diminuiu e a
crítica aumentou. É natural que assim seja, porque a internet virou um
pandemônio, um estímulo a esse narcisismo individualista que se desdobra em
política de ódio.”
Cibercultura e Inteligência coletiva na
perspectiva de Pierre Lévy
Cibercultura para Pierre Lévy trata da reunião
de relações sociais, das produções artísticas, intelectuais e éticas dos seres
humanos. Além disso, a cibercultura se articula por meio de redes interconectadas de
computadores, ou seja, no ciberespaço. Pode ser pensado como um fluxo contínuo
de ideias, práticas, representações, textos e ações, que ocorrem entre
interconectadas. É importante pensar que a cibercultura
não é um marco zero na cultura da humanidade, mas, ao contrário, ela é a
cultura em um sentido bastante amplo, que acontece no ciberespaço. Vale
ressaltar que o que separa a cultura da cibercultura
é a sua estrutura técnico-operacional e ela se refere a um conjunto de práticas
exercidas por pessoas conectadas a uma rede computacional. Para além, a cibercultura
é basicamente transposição das culturas humanas para um espaço conectado. Por
se tratar de um espaço em expansão, mais pessoas e grupos conectados podem trocar
informações, saberes e conhecimentos. A cibercultura cria condições
para que novos saberes possam ser desenvolvidos como: aplicativos, sites,
programas etc.
A Cibercultura tem uma relação direta com a Inteligência
coletiva, aspirando a ideia de construção de um laço social, que normalmente
não são fundados sobre relações institucionais. E a inteligência coletiva é o
que resulta da cultura participativa.
O autor defende que a inteligência coletiva não se limita apenas à
exposição do conteúdo e ao retorno disso, através de um fórum ou chat, mas num
sentido mais amplo ela se representa principalmente a capacidade de reconhecer
o outro como um sujeito dotado de inteligência, como um ser que possui um
conhecimento potencializado. A partir disso, os mais diferentes saberes
buscam-se em complementaridades, e cada indivíduo envolvido nesse processo, não
deve discriminar alguém devido a sua condição social, civil, sexual, uma vez
que admite seus conhecimentos e saberes individuais como resultado de sua formação.
Ao se reconhecerem dessa maneira, a prática da ideia de inteligência coletiva
pode levar a uma melhor comunicação entre os indivíduos, bem como a uma maior
compreensão do outro enquanto ser inteligente, porque cada um possui o que ele
chama de savoir-faire (saber fazer): um conhecimento seu que, compartilhado,
traria benefícios às diferentes áreas da vida humana. É uma forma de valorizar
o outro e valorizar-se para juntos promoverem o crescimento do todo.
Por Gabriela Gonçalves de Vasconcellos Borges
Polo Joinville
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