sábado, 2 de março de 2019

Cultura Digital por Gabriela G. de Vasconcellos Borges




Cultura Digital

Vivemos e compartilhamos nossas vidas e momentos no ambiente digital. Interagimos, fazemos mobilizações sociais, compartilhamos trabalhos artísticos, produzimos e divulgamos conteúdo entre tantas outras atividades todos os dias com nossos amigos ou pessoas totalmente desconhecidas por meio do digital. Todas essas experiências fazem parte do que chamamos de Cultura Digital.

Se entendermos que cultura é o conhecimento, a arte, as crenças, a lei, os costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo ser humano, podemos entender que cultura digital inclui todas essas questões construídas e experiências compartilhadas no ambiente digital.

Os pesquisadores das novas tecnologias e ativistas Bianca Santana e Sergio Amadeu da Silveira afirmam que a Cultura Digital é a cultura da contemporaneidade. Para eles, a cultura digital representa uma mudança de era, “com processos que se auto organizam, emergentes, horizontais, formados como descontinuidades articuladas, podem ser assumidos pelas comunidades locais, em seu caminho de virtualização, para ampliar sua fala, seus costumes e seus interesses”. Como por exemplo, podemos pensar em todas as mobilizações de financiamento coletivo. Pessoas comuns se mobilizando no ambiente digital para contribuir financeiramente em prol de um projeto de um desconhecido.

Todas as novas formas de se comunicar e relacionar por meio das novas tecnologias que estão em constante mudança e fazem parte do mundo contemporâneo são possibilidades de construção da cultura digital. Então nunca menospreze o valor da sua produção! Seja um texto em um blog, um post no Instagram ou um vídeo no YouTube, todas as formas de compartilhamento de experiências, troca de afetos e divulgação de ideais e informações fazem parte do processo de construção da cultura e influenciam a formação da nossa sociedade. Faça sua contribuição à produção de cultura digital. Crie, interaja, compartilhe e deixe a sua marca nessa geração!

Inteligência Coletiva

A inteligência coletiva é um conceito de um tipo de inteligência compartilhada que surge da colaboração de muitos indivíduos em suas diversidades. É uma inteligência distribuída por toda parte, na qual todo o saber está na humanidade, já que ninguém sabe tudo, porém todos sabem alguma coisa, ou seja, a base e o objetivo da inteligência coletiva são o reconhecimento e o enriquecimento mútuo das pessoas.
Cultura Participativa
Cultura participativa é uma expressão designada para representar a forma como a sociedade contemporânea desde o surgimento e adesão popular da Internet tem se distanciado cada vez mais da condição de receptora passiva. Produzir conhecimento e disseminar informações e ideias tornou-se uma realidade recorrente. Segundo Henry Jenkins, um dos mais importantes e influentes pesquisadores da mídia na atualidade, o público encara a “Internet como um veículo para ações coletivas - soluções de problemas, deliberação pública e criatividade alternativa”. A cultura participativa propiciada pelo caráter interativo da Internet é uma mudança no modo como as pessoas se relacionam com os meios de comunicação, o que faz com que os papéis de produtores e consumidores de informação se alterem.
Na cultura participativa é necessário que os consumidores interajam intensamente criando e circulando conteúdos, criando um potencial para a Internet de ser um poderoso instrumento de mobilização política, social e cultural. Esse novo cenário é proporcionado por novos meios de comunicação que tem como característica permitir mais participação e interação que os antigos, sendo os novos meios mais “dispersos, descentralizados e facilmente disponíveis.
Convergência de meios
É um conceito desenvolvido por Henry Jenkins e designa uma tendência que os meios de comunicação estão aderindo para poder se adaptar a internet, consiste em usar este suporte como canal para distribuição de seu produto. Assim os outros tipos de mídia podem ser encontrados na internet. O jornalismo muitas vezes absorve as novas tecnologias para o seu aprimoramento e eficácia, tendo nascido de uma grande invenção que foi a prensa tipográfica, criada pelos chineses e depois aperfeiçoada por Johannes Guttenberg. A fotografia até hoje usada, há muito tempo habita as páginas dos jornais ajudando como complemento da comunicação escrita. O rádio e a televisão nos seus primórdios já exibiam conteúdo jornalístico. Com o tempo esses veículos construíram linguagens diferentes dependentes de suas características.
Com o advento da internet os meios de comunicação sofreram com as perdas de ibope e de assinaturas. As grandes empresas prevendo não poder concorrer com essa nova tecnologia se aliaram a ela, daí surge a convergência, onde as várias mídias podem ser encontradas na internet. Esse processo não aconteceu repentinamente, até porque ainda vem acontecendo. É uma tendência que já chegou ao Brasil, a partir das experiências de empresas estrangeiras e seguidas pelas nacionais.
Os jornais impressos já adotaram a postura de convergir, a grande maioria dos jornais já possuem site, existem diferentes formas como o conteúdo dos jornais é exibido na internet. Alguns disponibilizam todo seu material que sai impresso na rede, outros apenas para assinantes e há ainda os que só oferecem no site algumas matérias, porém todos usam a internet como ferramenta de interação. Um fenômeno típico da convergência midiática é o uso de conteúdo em vídeo por empresas de jornais impressos nos seus sites, isso acontece pela necessidade que o leitor tem de ver algum assunto com mais velocidade, e pela facilidade que as novas tecnologias oferecem na hora de fazer um vídeo, pois em tese qualquer pessoa com um celular ou uma câmera de vídeo é capaz de gerar notícias, e isso ainda integra mais o leitor ao jornal pois esse muitas vezes é o gerador desses vídeos.
O rádio ganhou maiores proporções com a internet, seu alcance passou a ser mundial com as web rádios, a convergência midiática possibilitou à qualquer usuário colocar suas produções radiofônicas na rede, sem precisar de uma concessão do ministério das comunicações. A televisão digital é um bom exemplo da convergência midiática, pois é uma junção da televisão tradicional com a internet. As diferenças começam pela interatividade do telespectador com a emissora, em tese o usuário é quem irá escolher a programação que prefere assistir, será possível também acessar a internet e ter notícias em tempo real.

Pela Internet de Gilberto Gil em 1996 e a produzida 20 anos depois.
Pela Internet de 1996 já foi muito moderna, ele realizou um feito que posteriormente viraria tendência da indústria fonográfica. Gil foi o primeiro artista brasileiro a ter seu show transmitido ao vivo pela internet, a música “Pela Internet“.
A versão 2 de Pela Internet de Gilberto Gil é muito mais crítica do que a primeira versão que tem doses apologéticas. Na primeira versão não cita redes sociais (muito pouco existia) e ele queria entrar na rede, já na segunda versão ele fala de tantas redes e aplicativos que se sente preso na rede como um peixe pescado. Em 1996 gigabytes era muita coisa, agora é terabyte que não acaba mais, ou seja, a dimensão e alcance da internet é muito maior do que em 1996.
A versão 2 é inédita, mas com a mesma base instrumental e melódica da original e critica a imensidão de informações na qual estamos mergulhados.
Em entrevista após o lançamento da versão 2 Gil apontou detalhes sobre a letra nova:
“Nessa nova letra, a dose apologética diminuiu e a crítica aumentou. É natural que assim seja, porque a internet virou um pandemônio, um estímulo a esse narcisismo individualista que se desdobra em política de ódio.

Cibercultura e Inteligência coletiva na perspectiva de Pierre Lévy
Cibercultura para Pierre Lévy trata da reunião de relações sociais, das produções artísticas, intelectuais e éticas dos seres humanos. Além disso, a cibercultura se articula por meio de redes interconectadas de computadores, ou seja, no ciberespaço. Pode ser pensado como um fluxo contínuo de ideias, práticas, representações, textos e ações, que ocorrem entre interconectadas. É importante pensar que a cibercultura não é um marco zero na cultura da humanidade, mas, ao contrário, ela é a cultura em um sentido bastante amplo, que acontece no ciberespaço. Vale ressaltar que o que separa a cultura da cibercultura é a sua estrutura técnico-operacional e ela se refere a um conjunto de práticas exercidas por pessoas conectadas a uma rede computacional. Para além, a cibercultura é basicamente transposição das culturas humanas para um espaço conectado. Por se tratar de um espaço em expansão, mais pessoas e grupos conectados podem trocar informações, saberes e conhecimentos. A cibercultura cria condições para que novos saberes possam ser desenvolvidos como: aplicativos, sites, programas etc. 
A Cibercultura tem uma relação direta com a Inteligência coletiva, aspirando a ideia de construção de um laço social, que normalmente não são fundados sobre relações institucionais. E a inteligência coletiva é o que resulta da cultura participativa.
O autor defende que a inteligência coletiva não se limita apenas à exposição do conteúdo e ao retorno disso, através de um fórum ou chat, mas num sentido mais amplo ela se representa principalmente a capacidade de reconhecer o outro como um sujeito dotado de inteligência, como um ser que possui um conhecimento potencializado. A partir disso, os mais diferentes saberes buscam-se em complementaridades, e cada indivíduo envolvido nesse processo, não deve discriminar alguém devido a sua condição social, civil, sexual, uma vez que admite seus conhecimentos e saberes individuais como resultado de sua formação. Ao se reconhecerem dessa maneira, a prática da ideia de inteligência coletiva pode levar a uma melhor comunicação entre os indivíduos, bem como a uma maior compreensão do outro enquanto ser inteligente, porque cada um possui o que ele chama de savoir-faire (saber fazer): um conhecimento seu que, compartilhado, traria benefícios às diferentes áreas da vida humana. É uma forma de valorizar o outro e valorizar-se para juntos promoverem o crescimento do todo.
Por Gabriela Gonçalves de Vasconcellos Borges
Polo Joinville

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