segunda-feira, 4 de março de 2019

Cultura Digital por Sabrina Lima


Se entendermos que cultura é um conjunto de ideias, comportamentos, hábitos, símbolos e práticas sociais adquiridos pelo ser humano, podemos assimilar que cultura digital inclui todas essas questões construídas e compartilhadas no ambiente digital.

Todas as novas formas de se comunicar e relacionar por meio das novas tecnologias que estão em constante mudança e fazem parte do mundo contemporâneo são possibilidades de construção da cultura digital. Seja um texto em um blog, um post no Facebook ou um vídeo no YouTube, todas as formas de compartilhamento de experiências, troca de afetos e divulgação de ideais e informações fazem parte do processo de construção da cultura e influenciam a formação da nossa sociedade.

Na cultura digital, as mídias e linguagens se entrelaçam cada vez mais, formando redes tão conectadas que fica cada vez mais difícil dizer onde começa uma e termina outra.

A inteligência coletiva pressupõe que todos contribuem com a construção do conhecimento promovendo a construção de coletivos inteligentes, nos quais as potencialidades sociais de cada um poderão desenvolver-se e ampliar de maneira recíproca. Pois, qualquer um é capaz de produzir conhecimento, de gerar informação de relevância. O outro é alguém que sabe as coisas que eu não sei. A inteligência coletiva é consolidada pelo coletivo. As redes sociais, o Facebook, a Wikipédia, o Instagram, somente para citar alguns exemplos, são espaços onde há inteligência coletiva.

Na cultura participativa uma parcela significativa da população pode participar da produção de materiais culturais. Possibilita aos internautas adquirir habilidades para se envolver na vida cívica de suas comunidades, construindo uma cultura mais democrática e diversificada. A criação de websites, de blogs, são exemplos de materiais culturais que são criados na cultura participativa.

A convergência de meios não se trata necessariamente da junção de tecnologias ou artefatos, mas ocorre nos cérebros e nas interações sociais. A digitalização é o processo que criou condições para que fosse possível a convergência de meios. Esta, por sua vez, possibilita novas formas de participação e elaboração. A convergência de meios permite que o consumo das mídias seja transformado em produção e, por isso, incentiva a participação.

Em 1996 o cantor e compositor Gilberto Gil lança a primeira versão de sua canção intitulada “Pela Internet”. Ao analisar a letra desta composição é possível perceber que o autor estava conhecendo o mundo da Internet, onde vislumbrava todas as possibilidades que poderia alcançar com este recurso. Após mais de 20 anos do lançamento da primeira versão o cantor decide lançar a música “Pela Internet 2”, nesta segunda versão fica claro que o cantor não era mais um iniciante no mundo da Internet e que após tanto tempo já era possível realizar todas as suas vontades e mais um pouco. Ao comparar a letra de ambas as canções fica evidente a quantidade de recursos digitais que estão presentes em nosso cotidiano na atualidade, tanto que os termos tecnológicos utilizados na primeira versão hoje parecem estar obsoletos.

Na perspectiva do filósofo, sociólogo e pesquisador Pierre Lévy a distinção de sociedade, cultura e técnica é apenas conceitual, pois em uma sociedade tão interligada fica difícil separar estes termos. Levy considera que a inteligência coletiva surge quando as inteligências individuais são somadas e compartilhadas por toda a sociedade e a sua potencialização se dá a partir do surgimento de novas tecnologias. Conforme abordado anteriormente essas tecnologias estão disponíveis na rede para que qualquer pessoa possa ter acesso e produzir informação. Verifica-se que a evolução destes recursos digitais se dá a passos largos ao considerar as duas versões das músicas lançadas por Gilberto Gil, a pouco mais de 20 anos o cenário das tecnologias digitais alterou-se por completo e está fazendo a sociedade migrar para o novo mundo das interfaces virtuais denominada por Lévy como “Ciberespaço”, onde aparentemente mantem-se as mesmas estruturas da sociedade real, mas com seus próprios códigos e estruturas, ou seja ainda há trocas significantes entre a sociedade, porém essas trocas se dão em um espaço diferente do mundo real onde as tecnologias digitais mediam a comunicação.


Sabrina Pitz Lima.

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