Se
entendermos que cultura é um conjunto de ideias, comportamentos, hábitos,
símbolos e práticas sociais adquiridos pelo ser humano, podemos assimilar que
cultura digital inclui todas essas questões construídas e compartilhadas no
ambiente digital.
Todas
as novas formas de se comunicar e relacionar por meio das novas tecnologias que
estão em constante mudança e fazem parte do mundo contemporâneo são
possibilidades de construção da cultura digital. Seja um texto em um blog, um
post no Facebook ou um vídeo no YouTube, todas as formas de compartilhamento de
experiências, troca de afetos e divulgação de ideais e informações fazem parte
do processo de construção da cultura e influenciam a formação da nossa
sociedade.
Na
cultura digital, as mídias e linguagens se entrelaçam cada vez mais, formando
redes tão conectadas que fica cada vez mais difícil dizer onde começa uma e
termina outra.
A
inteligência coletiva pressupõe que todos contribuem com a construção do
conhecimento promovendo a construção de coletivos inteligentes, nos quais as
potencialidades sociais de cada um poderão desenvolver-se e ampliar de maneira
recíproca. Pois, qualquer um é capaz de produzir conhecimento, de gerar
informação de relevância. O outro é alguém que sabe as coisas que eu não sei. A
inteligência coletiva é consolidada pelo coletivo. As redes sociais, o
Facebook, a Wikipédia, o Instagram, somente para citar alguns exemplos, são
espaços onde há inteligência coletiva.
Na
cultura participativa uma parcela significativa da população pode participar da
produção de materiais culturais. Possibilita aos internautas adquirir
habilidades para se envolver na vida cívica de suas comunidades, construindo
uma cultura mais democrática e diversificada. A criação de websites, de blogs,
são exemplos de materiais culturais que são criados na cultura participativa.
A
convergência de meios não se trata necessariamente da junção de tecnologias ou
artefatos, mas ocorre nos cérebros e nas interações sociais. A digitalização é
o processo que criou condições para que fosse possível a convergência de meios.
Esta, por sua vez, possibilita novas formas de participação e elaboração. A
convergência de meios permite que o consumo das mídias seja transformado em
produção e, por isso, incentiva a participação.
Em
1996 o cantor e compositor Gilberto Gil lança a primeira versão de sua canção
intitulada “Pela Internet”. Ao analisar a letra desta composição é possível
perceber que o autor estava conhecendo o mundo da Internet, onde vislumbrava
todas as possibilidades que poderia alcançar com este recurso. Após mais de 20
anos do lançamento da primeira versão o cantor decide lançar a música “Pela
Internet 2”, nesta segunda versão fica claro que o cantor não era mais um
iniciante no mundo da Internet e que após tanto tempo já era possível realizar
todas as suas vontades e mais um pouco. Ao comparar a letra de ambas as canções
fica evidente a quantidade de recursos digitais que estão presentes em nosso cotidiano
na atualidade, tanto que os termos tecnológicos utilizados na primeira versão
hoje parecem estar obsoletos.
Na
perspectiva do filósofo, sociólogo e pesquisador Pierre Lévy a distinção de
sociedade, cultura e técnica é apenas conceitual, pois em uma sociedade tão interligada
fica difícil separar estes termos. Levy considera que a inteligência coletiva
surge quando as inteligências individuais são somadas e compartilhadas por toda
a sociedade e a sua potencialização se dá a partir do surgimento de novas
tecnologias. Conforme abordado anteriormente essas tecnologias estão
disponíveis na rede para que qualquer pessoa possa ter acesso e produzir
informação. Verifica-se que a evolução destes recursos digitais se dá a passos
largos ao considerar as duas versões das músicas lançadas por Gilberto Gil, a pouco
mais de 20 anos o cenário das tecnologias digitais alterou-se por completo e
está fazendo a sociedade migrar para o novo mundo das interfaces virtuais denominada
por Lévy como “Ciberespaço”, onde aparentemente mantem-se as mesmas estruturas
da sociedade real, mas com seus próprios códigos e estruturas, ou seja ainda há
trocas significantes entre a sociedade, porém essas trocas se dão em um espaço
diferente do mundo real onde as tecnologias digitais mediam a comunicação.
Sabrina Pitz Lima.
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