Estudiosos
afirmam que passamos por um fase de mudança de cultura, uma transição do
industrial para o digital, um caminho totalmente desconhecido e que se aproxima
cada vez mais diante dos avanços tecnológicos iminentes. A tecnologia nos
conduz para um futuro mais conectado e com uma comunicação pautada nos mais
variados aspectos, que superam tempo, espaço e até idioma. Isso porquê é
possível encontrar alguém com pensamento semelhante ao seu a milhares de
quilômetros de distância, pois, ainda que inseridos em realidades distintas, a
conectividade permite a aproximação das pessoas no mundo das informações e das
ideias.
E é na imensidão
do mundo das ideias que nos deparamos com o dinamismo conferido pela falta de
linearidade que os questionamentos passam a apresentar na era da cultura
digital pela riqueza do nível de informação disponível publicamente. Não há mais
a mera ingenuidade do certo e do errado, mas a total complexidade dos fatores
que quando combinados formam um conjunto de realidades e problemáticas que se
desmembram em outros aspectos. Pode-se dizer, portanto, que a cultura digital
proporciona difusão de outros pontos de vista, sotaques e outras culturas que
democratizam e aproximam minorias sociais e culturais às estruturas de poder
ou, pelo menos, ao espaço de fala.
Isso é
amplamente reconhecido a medida que toda e qualquer pessoa passa a ser vista
como sujeito de transformação social e, por esse motivo, fonte de conhecimento
pelo conteúdo que tem para compartilhar com os seguidores nas suas redes
sociais. Poderia parecer banal se não se tratasse, de fato, do que se entende
por “inteligência coletiva”, um conceito que considera que todos contribuem
para a construção de conhecimento. Ou seja, pode ser que um jovem do interior
do sertão possa compartilhar um fenômeno climático ou gastronômico por meio de hashtag numa rede social e atingir um
jovem americano que nem fale português, mas que ainda assim troquem informações
visuais naquela publicação por meio de emojis.
Acredito, portanto, que a música Pela
Internet 2 (2008) de Gilberto Gil sinaliza muito mais para esse caminho
quando ele menciona sobre o iTunes, Instagram, zapzap, Facebook e aplicativos, representando a riqueza de
informações compartilhadas e geração de conteúdo online.
Nesse sentido, a
geração espontânea de conteúdo permite que outras pessoas e outras fontes de
conhecimento compartilhem mais informação com seu público alvo por meio da
chamada “cultura participativa”. Muitos podcasts
tem se consolidado no mercado de mídia brasileira e também estrangeira por
apresentarem uma maneira diferente de distribuir conteúdo tendo em vista as
plataformas de consumo dos usuários. Esse tipo de mídia informativa
independente promove espaço de debate e diversidade de ideias que muitas vezes
a mídia tradicional não promove. De forma quase que indissociável, tem-se a
convergência de meios que permite que o consumo das mídias seja transformado em
produção, ou seja, as famosas blogueiras que juntam os diversos aparatos de
mídia e produzem um conteúdo que incentiva a participação dos seguidores. Cada
manifestação positiva gera um movimento na internet que utiliza estratégias de
marketing para tornar um post viral ou atingir altas metas de vendas e
engajamento que favoreça a imagem da marca. Pode-se dizer que tudo isso é
proporcionado pela possibilidade de digitalização de forma geral, pois a
inclusão digital permitiu a expansão do consumo para além do espaço físico e
das ações de marketing para além da mídia tradicional.
Inegavelmente
estamos na era da cibercultura, um momento no espaço e no tempo em que
dependemos totalmente do uso da rede de computadores desde o delivery de comida até a entrega da
declaração Imposto de Renda. Vivemos numa era de comunicação virtual em que
tanto idosos quanto bebês de três anos usam os mesmos aplicativos e smartphones
como forma de comunicação entre si. Mais do isso, multidões de reúnem para
assistir rapazes jogarem vídeo game entre si, há jogos de realidade aumentada e
comunidades online se encontram para
debater sobre questões de ampla complexidade, as tecnologia intelectuais
permitem novas formas de acesso à informação e novos estilos de raciocínio,
conforme Pierre Lévy. Para além do que se vislumbra no presente momento, a
modificação das funções humanas diante das tecnologias implicará na mutação do
mundo do trabalho nas empresas e principalmente nos próprios funcionários. Uma
nova era de conhecimento se aproxima e há muito para ser adaptado em todas as
fases da vida a essa nova realidade.
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