domingo, 10 de março de 2019

Cultura Digital por Thuany Bertin

Estudiosos afirmam que passamos por um fase de mudança de cultura, uma transição do industrial para o digital, um caminho totalmente desconhecido e que se aproxima cada vez mais diante dos avanços tecnológicos iminentes. A tecnologia nos conduz para um futuro mais conectado e com uma comunicação pautada nos mais variados aspectos, que superam tempo, espaço e até idioma. Isso porquê é possível encontrar alguém com pensamento semelhante ao seu a milhares de quilômetros de distância, pois, ainda que inseridos em realidades distintas, a conectividade permite a aproximação das pessoas no mundo das informações e das ideias.

E é na imensidão do mundo das ideias que nos deparamos com o dinamismo conferido pela falta de linearidade que os questionamentos passam a apresentar na era da cultura digital pela riqueza do nível de informação disponível publicamente. Não há mais a mera ingenuidade do certo e do errado, mas a total complexidade dos fatores que quando combinados formam um conjunto de realidades e problemáticas que se desmembram em outros aspectos. Pode-se dizer, portanto, que a cultura digital proporciona difusão de outros pontos de vista, sotaques e outras culturas que democratizam e aproximam minorias sociais e culturais às estruturas de poder ou, pelo menos, ao espaço de fala.

Isso é amplamente reconhecido a medida que toda e qualquer pessoa passa a ser vista como sujeito de transformação social e, por esse motivo, fonte de conhecimento pelo conteúdo que tem para compartilhar com os seguidores nas suas redes sociais. Poderia parecer banal se não se tratasse, de fato, do que se entende por “inteligência coletiva”, um conceito que considera que todos contribuem para a construção de conhecimento. Ou seja, pode ser que um jovem do interior do sertão possa compartilhar um fenômeno climático ou gastronômico por meio de hashtag numa rede social e atingir um jovem americano que nem fale português, mas que ainda assim troquem informações visuais naquela publicação por meio de emojis. Acredito, portanto, que a música Pela Internet 2 (2008) de Gilberto Gil sinaliza muito mais para esse caminho quando ele menciona sobre o iTunes, Instagram, zapzap, Facebook e aplicativos, representando a riqueza de informações compartilhadas e geração de conteúdo online.

Nesse sentido, a geração espontânea de conteúdo permite que outras pessoas e outras fontes de conhecimento compartilhem mais informação com seu público alvo por meio da chamada “cultura participativa”. Muitos podcasts tem se consolidado no mercado de mídia brasileira e também estrangeira por apresentarem uma maneira diferente de distribuir conteúdo tendo em vista as plataformas de consumo dos usuários. Esse tipo de mídia informativa independente promove espaço de debate e diversidade de ideias que muitas vezes a mídia tradicional não promove. De forma quase que indissociável, tem-se a convergência de meios que permite que o consumo das mídias seja transformado em produção, ou seja, as famosas blogueiras que juntam os diversos aparatos de mídia e produzem um conteúdo que incentiva a participação dos seguidores. Cada manifestação positiva gera um movimento na internet que utiliza estratégias de marketing para tornar um post viral ou atingir altas metas de vendas e engajamento que favoreça a imagem da marca. Pode-se dizer que tudo isso é proporcionado pela possibilidade de digitalização de forma geral, pois a inclusão digital permitiu a expansão do consumo para além do espaço físico e das ações de marketing para além da mídia tradicional.


Inegavelmente estamos na era da cibercultura, um momento no espaço e no tempo em que dependemos totalmente do uso da rede de computadores desde o delivery de comida até a entrega da declaração Imposto de Renda. Vivemos numa era de comunicação virtual em que tanto idosos quanto bebês de três anos usam os mesmos aplicativos e smartphones como forma de comunicação entre si. Mais do isso, multidões de reúnem para assistir rapazes jogarem vídeo game entre si, há jogos de realidade aumentada e comunidades online se encontram para debater sobre questões de ampla complexidade, as tecnologia intelectuais permitem novas formas de acesso à informação e novos estilos de raciocínio, conforme Pierre Lévy. Para além do que se vislumbra no presente momento, a modificação das funções humanas diante das tecnologias implicará na mutação do mundo do trabalho nas empresas e principalmente nos próprios funcionários. Uma nova era de conhecimento se aproxima e há muito para ser adaptado em todas as fases da vida a essa nova realidade.

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