A sociedade está em constante
mudança. É uma frase antiga, mas nunca foi tão marcante como nos dias atuais. A
mudança de um formato em que a comunicação era limitada pelo espaço físico que vivíamos
e que dependíamos de informações massificadas e conhecimentos direcionados para
um mundo conectado por múltiplos meios onde todo o individuo participa
ativamente na construção do conhecimento fazendo uso das novas ferramentas
tecnológicas nos leva a uma mudança de cultura, deixando o pensamento
industrializado para traz e vivendo em uma nova cultura, a cultura digital.
O desenvolvimento tecnológico e a
conexão com o mundo nos levaram a uma mistura de culturas e experiências que
mudou o formato de aprendizagem do individuo. Enquanto que antigamente a
informação era massificada por um grupo seleto de fontes formando uma estrutura
um para muitos, atualmente é disseminada de muitos para muitos. Esses novos
horizontes de aceso, circulação e divulgação de conhecimentos nos levou a
mudanças profundas de atitudes, práticas e valores, ou seja, uma mudança de
cultura que utiliza como ferramenta principal a infraestrutura tecnológica.
Essa cultura digital acaba nos
levando ao desenvolvimento de novos conceitos, um deles é a convergência de meios, a possibilidade
que a conexão entre diversas mídias possibilitou que uma mesma informação pudesse
ser disseminada de formas distintas de acordo com o publico-alvo desejado. Uma
mesma informação pode ser representada por textos, imagens, vídeos e som
atingindo vários aparelhos sensoriais diferentes. Essa forma de criar e
consumir conteúdos mexendo com os sentimentos do indivíduo o motiva a
participar desse movimento.
Assim nasce a cultura participativa. Ela demonstra
que vivemos em um momento onde as pessoas não desejam mais estar em frente a TV
passivamente aguardando um conteúdo produzido por uma pequena fração de pessoas
de forma massificada. O indivíduo agora quer fazer parte da produção e a
facilidade de acesso aos meios tecnológicos possibilita a qualquer um divulgar
seus pensamentos, fotos, vídeos ou qualquer outra forma de expressão para milhares
de pessoas espalhadas pelo mundo.
Essa possibilidade de divulgar
sua visão de mundo somada aos demais usuários da rede nos leva a inteligência coletiva. Substituindo um
padrão anterior, onde alguns especialistas detinham o conhecimento e este
conhecimento se limitava a alguns alunos, hoje o conhecimento está aberto,
testado e adaptado por diversos personagens em diversas situações diferentes
construindo uma grande enciclopédia online. A possibilidade de distribuir o
conhecimento que cada um possui em um local coletivo cria uma fonte de
informações que jamais seria dominada por um único indivíduo.
Fazendo uma analogia a música de
Gilberto Gil de 1996, Pela internet, e a sua segunda versão 20 anos depois,
podemos fazer um pequeno exercício para refletir sobre estas mudanças.
Em 1996 Gilberto Gil vislumbrava
um mundo novo, ainda não popularizado. As informações ainda eram novidades mal
compreendidas pela maioria da população. A conexão ainda não era tão eficiente
e a transferência de arquivos ainda por mídia física ainda era uma realidade
forte no dia a dia dos mais tecnológicos.
Já neste tempo Gilberto já levantava dúvidas a questão de crimes que também foram
aperfeiçoados pela rede expandindo seus domínios
Na segunda versão, 20 anos
depois, o assunto internet e tecnologia já se demonstra conhecido pelo público
geral. Até mesmo leigos no assunto já possuem uma interação quase obrigatória
na rede. Pessoas de todas as idades não conseguem mais viver sem a conexão. Qualquer
coisa é feita rapidamente pela internet, a quantidade de informação, de
aplicativos e de possibilidades é tão grande que é possível se perder e ficar "Preso
na rede" com diz a letra da música. Enquanto que a rede era apenas uma
novidade para antenados em 1996, hoje é praticamente impossível ou pelo menos
desanimador e retrogrado viver fora dela.
É
impossível falar de cultura digital sem falar de Pierre Lévy, que estudou e se
especializou nesta área. Seu trabalho fundamental relaciona dois conceitos
importantes: inteligência coletiva e ciberespaço. Relacionando o que foi
estudado acima, Lévy defende que todo o indivíduo possui sua própria
inteligência baseada na sua história e suas experiências pessoais e que deve
ser respeitada por isso. Esses conhecimentos adquiridos ao longo da vida servem
como um modo de interação social, por ser capaz de criar uma espécie de
democracia devido às possibilidades de interação entre os indivíduos.
Lévy também traça suas percepções
sobre a o crescimento do ciberespaço, baseado no novo meio de comunicação que
surgia da conexão entre computadores e o consequente surgimento da
cibercultura. Lévy dizia que a cibercultura expressava o surgimento de um novo
momento, diferente dos que o antecederam, pois agora este momento é criado de
maneira globalizada e indeterminada.
Lévy também aborda o fato de que
a sociedade se encontra condicionada a técnica, mas não determinada por ela.
Esta afirmação nos permite perceber a relação existente entre a sociedade e a tecnologia
é de extrema interligação, demonstrando que a sociedade se constitui historicamente
pela técnica, porém não é determinada por ela.
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