domingo, 17 de fevereiro de 2019

Cultura Digital por Sheila Cristina



Entendo que cultura digital é todo o processo envolvido que permite que as manifestações humanas sejam difundidas através de um meio comum - o meio digital. Podemos dizer que é a disseminação da própria cultura de massa através de um meio virtual, onde a sociedade contemporânea quer se fazer presente através do mundo virtual.
O meio virtual é a ferramenta de revolução tecnológica encontrada para facilitar a comunicação e em encurtar distâncias e tempo e assim dissolver o processo de interação, que nada mais é que as ações que acontecem em grupos ou individualmente com um objetivo simples, comum: a transmissão do conhecimento, difusão das novas forma de produção e a propagação das informações e da obtenção do conhecimento.
O uso da inteligência coletiva pode ser definida como compartilhamento de conhecimentos, experiências e percepções, que resultam numa troca de aprendizagem e de novas culturas, ajudando a propagar essa tecnologia e facilitar a circulação de novos conceitos. Segundo Lévy (2003, p. 28), a inteligência coletiva é “[...] uma inteligência distribuída por toda parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva das competências”. Visando o reconhecimento das habilidades nos indivíduos que possuem interesses comuns e na utilização das tecnologias no uso das comunicações e na proliferação do conhecimento.
Ao falarmos de inteligência coletiva, não podemos deixar de falar da cultura participativa, pois uma está ligada a outra. Quando você interage criando, divulgando um conteúdo, está fazendo uma mobilização tanto cultural, quanto política e ou social. O uso de novos meios de comunicação permite a facilitação e participação dos envolvidos. E deste conceito, já fica evidente a convergência dos meios, ou seja, o uso das tecnologias de comunicação em massa com a tecnologia da informática. A convergência é, segundo Henry Jenkins, formada pela tríade: convergência dos meios, cultura participativa e inteligência coletiva; e estão intrinsecamente ligadas e uma não sobrevive sem a outras, pois os participantes interagem para formar novos conteúdos. Nesse conceito ainda, podemos dizer que a evolução tecnológica permite a comunicação direta e sem barreiras.
Na letra da música “Pela Internet” de Gilberto Gil, ele faz um discurso utilizando-se das novas e velhas tradições, na linguagem moderna utilizada em todo o mundo. Faz um jogo entre as palavras e conseguiu de certa forma, mesclar o que vivemos com o advento da internet até os dias de hoje. A letra tem várias citações de um jargão - típico dos internautas, que facilita a comunicação com os usuários de qualquer nacionalidade. Quando utiliza do linguajar do internauta, faz trocadilhos com as palavras e traz a conectividade da nova ferramenta aos nossos dias. Em exemplo, nas frases “juntar via internet” e “promover debate”, ele faz uma conexão do ambiente virtual e traz a possibilidade da cultura participativa, do construir coletivamente. Já nas frases “criar um web site” e “fazer home page” faz menção as facilidades da internet, relacionando a prática com a disponibilidade de serviços gratuitos. A música tem tudo a ver com a nossa situação atual de estudante, onde relaciona a tecnologia à pesquisa acadêmica. O uso das novas tecnologias como aliado na democratização dos acessos à informação e mudança dos hábitos com a chegada de novas culturas modificadas pelo avanço tecnológico.
O termo [ciberespaço] especifica não apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informação que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. Quanto ao neologismo ‘cibercultura’, especifica aqui o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem com o crescimento do ciberespaço (LÉVY, 1999, p. 17). Nos seus textos, Pierre Lévy cria um parâmetro entre o sistema educacional e o papel do professor e relaciona o crescimento do ciberespaço e o avanço da cibercultura, onde o professor deve ser o principal incentivador da inteligência coletiva. O caminho após a introdução da internet é sem volta, não precisa ser combatido, mas compreendido e divulgado.

Referências:
1) LÉVY, P. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. 4.ed. São Paulo: Loyola, 2003.
2) JENKINS, Henry, Cultura da Convergência. 2. ed. - São Paulo :Aleph, 2009.
3) LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.

Sheila Cristina Araujo Vieira (Pólo São José)

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