sábado, 16 de fevereiro de 2019

Cultura Digital por Claudinice Carla Bertotti

Desde 1666 o matemático Gottfried Leibniz já sonhava em formalizar o pensamento em um sistema lógico perfeito.

Na sequência da vontade de Leibniz, em outros vários momentos da história nos deparamos com a criação de infraestruturas e máquinas que foram dando sentido não somente a uma nova forma de produção, mas também  de expressão e comunicação.

Com o advento da eletrônica, aconteceu então a  transformação das informações do  mundo real num sistema simples, de zeros e uns, o modelo binário, dando origem ao que conhecemos como digital.

Essa simplificação lógica porém é formada na realidade, por um conjunto complexo de fenômenos de convergência e sinergia entre tecnologias, permitindo a conexão entre o mundo digital, o mundo físico e o mundo biológico, dando origem a uma cultura digital.

Impulsionados pelo uso da Internet e dos softwares livres se criam fantásticas possibilidades de democratizar os acessos à informação e ao conhecimento, maximizar os potenciais dos bens e serviços, amplificar os valores que formam o repertório individual fazendo com que o uso de tecnologia digital mude os comportamentos, criando então a possibilidade de uma inteligência coletiva.

É assim que  Pièrre Lèvy traduz muito bem o mundo contemporâneo ao contextualizá-lo como uma cibercultura, pois os conhecimentos, a leis, os costumes, a arte, as crenças, hábitos e aptidões que foram sendo amealhados pela sociedade se entrelaçam cada vez mais através das mídias e linguagens conectadas por interfaces tecnológicas, ocupando um ciberespaço, aonde muitos falam para muitos, campo fértil para o desenvolvimento da interatividade e participação, circulando nas altas velocidades de redes informacionais.

Diante desse novo universo de possibilidades, Gilberto Gil imprimiu a expectativa do desejo de conexão com o mundo,de comunição,  de um encontro em escala global que a internet poderia propiciar,  de forma muito clara na letra da música “Pela Internet” gravada em 1996 ao cantar:

Fazer minha home-page...
Um barco que veleje nesse infomar
Que aproveite a vazante da infomaré...
Eu quero entrar na rede 
Promover um debate
Juntar via Internet
Um grupo de tietes de Connecticut...
Eu quero entrar na rede para contactar
Os lares do Nepal, os bares do Gabão” 

No entanto, da mesma forma, 20 anos depois, em 2016 pela os temores de sermos devorados por essa nova cultura, em um ciberespaço padronizante, quando da nova versão da canção em 2016, 20 anos depois, ouvimos que:

“Meu novo website 
Minha nova fanpage 
Agora é terabyte 
Que não acaba mais  
Por mais que se deseje ...
De a a z quem você possa imaginar 
Estou preso na rede 
Que nem peixe pescado ...
Cada dia nova invenção 
É tanto aplicativo que eu não sei mais não”

A velocidade da informação, o crescimento exponencial da quantidade de informações, de tráfego, de aplicativos pode mostrar faces bastante diferentes , ou seja: inúmeras possibilidades de encontro de informações e de pessoas ou inúmeros caminhos e desvios que podem levar a lugar algum, padronizando ou fazendo-nos andar em círculos, perdidos na “informaré” ...





Que a 4ª. Revolução industrial, advinda de uma cultura digital, seja a de reconstrução de um mundo aonde impere não só a inteligência coletiva, como também a justiça e o crescimento coletivos, unidos em um ideal de um mundo melhor.

Referências:

DALA POSSA, A., SILVA MELLO, C., DA SILVA, E., MENDONÇA, T.M.Cultura digital.

LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.
Escravos do celular. Disponível em:

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