Cultura Digital por Jamile Cargnin
Com o crescimento da internet a sociedade se regenera e, com isso, identificamos características predominantes, como: ansiedade, inquietude, inconstância e “sede” por velocidade. Assim, por sobrevivência, todas os setores estão se reconstruindo e o processo de ensino-aprendizagem também se reformula no momento em que busca novas maneiras de compartilhar o conhecimento. Precisamos reconhecer que a escrita, seguindo uma lógica clara e direta ainda é uma forma de ensinar que prevalece. Entretanto, os efeitos da “quarta revolução” desencadeiam diversos acontecimentos modernos, deixamos de ser uma sociedade presencial para nos tornarmos uma sociedade digital, mudamos a forma de se relacionar e fazemos uso constante da tecnologia.
Segundo estudiosos, essa mudança de comportamento originou uma cultura: a “cultura digital”, que aborda uma perspectiva focada no ser e fazer, quebrando paradigmas e iniciando um novo período no processo de ensino-aprendizagem. A sociedade vem transformando seu perfil e a tendência por tecnologias causa uma revolução no futuro. A busca por conhecimento está mais acessível, bem distribuída e armazenada digitalmente. Possuímos mais recursos abertos, seja de aplicativos ou conteúdos e isto implica em sermos mais produtores do que receptores. Face ao exposto, o sistema educacional busca novas técnicas, técnicas que associam a tecnologia ao conteúdo de cada disciplina em sala de aula, agregando no processo de ensino-aprendizagem mais dinamismo, entusiasmo às aulas, e consequentemente, melhorando a capacidade de aprendizado, desenvolvendo novos talentos e habilidades.
O professor é desafiado a diversificar os meios que utiliza para expor o conteúdo programático de sua disciplina, pois em meio a “cultura digital” surgem novos conceitos, como: convergência de meios, cultura participativa e inteligência coletiva.
É indiscutível que cada indivíduo detém de sua própria inteligência adquirida ao longo da vida por sua experiência, mas é por meio da interação social que a forma de pensar evolui e o conhecimento é compartilhado por intermédio de mecanismos tecnológicos. Em todo este processo de participação interativa entre indivíduos, utilização de meios diversificados para oferta de conteúdo se caracteriza a “cultura participativa”: onde o indivíduo deixa de ser um mero telespectador e passa a construir o conhecimento em conjunto, viabilizado pela convergência de meios que incentiva novas formas de participação, elaboração e inteligência coletiva.
Neste cenário que se manifesta, reitera-se que o indivíduo muda de posição, saindo da passividade para a interatividade. Antes, o indivíduo consumia um conhecimento predisposto em recursos tecnológicos, agora o indivíduo adquiri uma postura ativa ao moldar a forma como o conhecimento é disseminado. Esta evolução foi muito bem exposta na autoria e voz de Gilberto Gil, com a música “Pela Internet” e outra produzida anos depois intitulada “Pela Internet 2”, no qual já expõem as mudanças que vinham ocorrendo ao entoar: “Eu quero entrar na rede, promover um debate [...]”e anos depois a evolução cultural é evidenciada na letra da música “Pela Internet 2” ao expressar: “Meu novo website, minha nova fanpage [...] Cada dia nova invenção É tanto aplicativo que eu não sei mais não”.
Neste contexto, observa-se um processo de modificação constante, progressivo e veloz com o qual os conhecimentos despontam, renovam, bem como também, se desatualizam. O conhecimento necessita ser constantemente transformado por consequência da mudança de valores, práticas, atitudes e modo de pensar da sociedade. As novas ferramentas de suporte digital aliadas às características artísticas, intelectuais e éticas da sociedade proporcionaram novas condições de saberes, além de, integrar os indivíduos por meio de seu capital intelectual, ou seja, criando o conceito “inteligência coletiva”, conforme definido por Pierre Lévy.
O saber e as tecnologias estão, intimamente, conectados e essa relação que esboça um novo retrato, o retrato da cibercultura, explanado por Lévy como:
“[...] a nova forma de universalidade que inventa, o movimento social que a fez nascer, seus gêneros artísticos e musicais, as perturbações que suscita na relação com o saber, as reformas educacionais necessárias que ela pede, sua contribuição para o urbanismo e o pensamento da cidade [...]”. (LÉVY, 1997, p.17)
Logo, observamos que a tecnologia está intrínseca na vida de toda a sociedade e, com isso, grande parte dos setores vem passando por reformulações, inclusive o mercado de trabalho e a prestação de serviços. E destacamos aqui, a prestação de serviços educacionais, onde o papel do educador adquiri novos desafios, deixa de ser o detentor do conhecimento para ser um mediador e incentivador da inteligência coletiva.
Palavras-chave: Cultura Digital. Cultura de Convergência. Cibercultura. Inteligência coletiva.
Jamile Mendes Cargnin Metzker
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